Gerente da Petrobras nega erro em projeto e superfaturamento em Abreu e Lima

Anderson Vieira | 16/07/2014, 13h35

A CPI do Senado que investiga irregularidades na Petrobras ouviu nesta quarta-feira (16) o gerente-geral de Implementação de Empreendimentos da estatal, Glauco Colepicolo Legati. Em duas horas de explicações, o executivo deu detalhes técnicos sobre o funcionamento da Refinaria Abreu e Lima (PE), destacou a complexidade da planta e negou a existência de erro de projeto ou superfaturamento na obra.

Segundo ele, a unidade tem 88,5% de execução física e entrará em operação no fim deste ano, com capacidade para processar mais de 200 mil barris diários.

Investigada pelo Tribunal de Contas da União (TCU), a refinaria teve em 2005 o seu custo estimado em US$ 2,5 bilhões. Mas, segundo a Petrobras, até a conclusão deve sair por quase US$ 20 bilhões.

A diferença, segundo Glauco Legati, deveu-se a uma série de fatores, como aumento nos custos de contratos devido a alterações no projeto, variação cambial e juros de financiamentos. Para ele, o ponto de referência deve partir da fase 3 do empreendimento (conclusão do projeto básico), quando custo era de US$ 13,4 bilhões, e não das fases 1 e 2, que compreendem a identificação de oportunidade e projeto conceitual.

- Os contratos e aditivos são negociados e nada é assinado que não passe por estimativa da área técnica e por pareceres das áreas jurídica e de desempenho. Não existe superfaturamento nos contratos da refinaria. Os custos  estão adequados aos orçamentos feitos, e os preços são de referenciais de mercado. São compatíveis com uma obra de grande porte e complexidade - explicou Legati.

O gerente também negou a existência de erros de projeto, garantindo que nada foi "desmanchado" para ser refeito, nem construído além do previsto.

Sobre a atuação do TCU, o gerente disse que a obra de Abreu e Lima, também conhecida como Refinaria do Nordeste (Rnest), "foi a mais fiscalizada até hoje", o que acabou contribuindo para que a Petrobras e o tribunal se entendessem acerca de diferenças de metodologias e procedimentos.

Operação Lava Jato

Indagado sobre a Operação Lava Jato, da Polícia Federal, Glauco Ligati informou que toma conhecimento das informações somente pelos meios de comunicação. Disse que manteve apenas contato profissional com o ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa e considera que ele não foi responsável pelo aumento no custo das obras de Abreu e Lima.

Deflagrada em março, a operação desbaratou uma quadrilha que, segundo a PF, movimentou mais de R$ 10 bilhões em operações financeiras atípicas e cometeu crimes como lavagem de dinheiro, corrupção, desvio de dinheiro público e evasão de divisas. Paulo Roberto Costa está preso, acusado de fazer parte do esquema.

Recesso

Ao deixar a reunião, o relator José Pimentel (PT-CE) informou que vai se reunir com o presidente da CPI, senador Vital do Rêgo (PMDB-PB), para definir como ficarão os trabalhos da comissão no período de 18 a 31 de agosto, em que haveria recesso parlamentar se a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) para 2015 tivesse sido aprovada. Com o adiamento da votação da LDO, no entanto, o recesso foi cancelado.

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)

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