Atuação das Apaes é elogiada em sessão especial

Elina Rodrigues Pozzebom e mmcoelho | 09/06/2014, 14h10

Há 60 anos presente em todos os cantos do país, o movimento das Associações de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apaes) foi elogiado pelos senadores nesta segunda-feira (9), em sessão especial do Plenário do Senado. Requerida pela senadora Ana Amélia (PP-RS) e apoiada por outros senadores, que defenderam a atuação do movimento na educação das pessoas com deficiência, a sessão contou com a apresentação do Coral do Senado e com a declamação de poesia de um aluno da Apae, Alexandre Lemos.

O movimento é uma grande rede constituída por pais, amigos, pessoas com deficiência, voluntários, profissionais e instituições parceiras – públicas e privadas – para a promoção e defesa dos direitos da pessoa com deficiência e a sua inclusão social.

A primeira iniciativa do grupo ocorreu no Rio de Janeiro em 1954, quando foi criada a Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae), liderada por Beatrice Bemis, membro do corpo diplomático americano e mãe de uma criança com Síndrome de Down que, com outras famílias, vivia o drama de não encontrarem escolas para os filhos.

O objetivo do movimento, entre outros, é garantir a escola especial como escola de fato e direito, por isso inclusiva, do ponto de vista do acolhimento à diversidade; a parceria do poder público com as instituições filantrópicas regularmente constituídas para que seja garantida a política inclusiva e o apoio à profissionalização e à inclusão no mercado de trabalho dos jovens com deficiência intelectual e múltipla.

Atualmente, o movimento reúne a Federação Nacional das Apaes, 23 federações estaduais e 2 mil Apaes distribuídas em todo o país, que propiciam atenção integral a mais de 244.000 pessoas com deficiência.

Superação e Inclusão

O senador Cyro Miranda (PSDB-GO) observou que o movimento apaeano foi pioneiro no país e responsável por conquistas como a realização de teste do pezinho, hoje obrigatório a todos os recém-nascidos do país. Ele também destacou projeto de sua autoria (PLS 589/2011), em tramitação na Casa, que garante a oferta do ensino obrigatório às pessoas com deficiência independentemente de sua idade cronológica.

A senadora Ana Amélia citou vários exemplos de inclusão promovida pelas Apaes. Entre eles, uma parceria com a Biblioteca do Senado Federal desde 2010, em que oito alunos fazem a higienização dos documentos e livros, garantindo a manutenção do acervo.

Ana Amélia citou ainda a produção do primeiro longa-metragem brasileiro protagonizado por três atores com Síndrome de Down. O filme Colegas, exibido em 2013, foi dirigido por Marcelo Galvão. A história mostra as aventuras de três jovens entre o interior de São Paulo e Buenos Aires, na Argentina, em busca da realização de seus sonhos.

Segundo a senadora, o Movimento Apaeano é o maior movimento filantrópico do país e um exemplo de dedicação e trabalho para a inclusão social.

- Talvez seja o melhor exemplo de um voluntariado que junta a família, junta os amigos, junta a sociedade numa causa comum, que é a causa da inclusão – afirmou Ana Amélia.

Plano Nacional de Educação

A presidente da Federação Nacional das Apaes, Aracy Maria da Silva Ledo, ressaltou que a inclusão, tão falada e defendida atualmente, muitas vezes é apenas alvo de “jeitinho” ou é feita “da boca para fora”. Por isso, Aracy destacou a força do movimento Apaeano, que fez muita pressão durante a tramitação do PNE no Senado..

— Na hora da briga, superlotamos essa plenária porque sabemos onde queremos chegar — declarou.

Graças a essa força das Apaes, afirmou o senador Cyro Miranda, foi possível manter, durante a tramitação do Plano Nacional de Educação (PNE) no Senado, o texto da Meta 4, que dá a preferência às Apaes para a educação especial. Cyro Miranda é o presidente da Comissão de Educação (CE), onde foi costurado o acordo.

Para o senador Valdir Raupp (PMDB-RO), as Apaes são ícones do desenvolvimento social positivo do país.

— há até quem queira extinguir as Apaes. Eu, particularmente, não concordo. Somente uma sociedade com alta responsabilidade social pode dispensar o cuidado que dispensamos, por meio das Apaes, às pessoas portadoras de deficiência — acrescentou.

Ana Amélia (PP-RS) elogiou o ex-senador Flávio Arns, a quem ela atribuiu a contribuição argumentativa para que o PNE fosse aprovado sem a extinção das Apaes.  A senadora gaúcha citou ainda outras pessoas que lutam pelos direitos das pessoas com deficiência, como o senador Lindbergh Farias (PT-RJ), pai de uma menina com Síndrome de Down; o senador Wellington Dias (PT-PI), pai de um menino autista; o deputado federal Romário (PSB-RJ), que também tem uma filha com Síndrome de Down; e a deputada Mara Gabrili (PSDB-SP), que é cadeirante.

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)

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