Aloysio Nunes critica Dilma por receber líderes do MST após manifestação violenta no DF

Da Redação | 14/02/2014, 11h30

O senador Aloysio Nunes (PSDB-SP) criticou, nesta sexta-feira (14), em Plenário, a presidente da República, Dilma Rousseff, por ter recebido líderes do MST, após a manifestação do movimento no centro da capital do país. Para o parlamentar, a atitude da presidente legitima a ação do grupo que, em sua avaliação, é violenta e desrespeitosa.

Segundo Aloysio, até para os ministros do governo o acesso ao gabinete presidencial é difícil e só acontece após meses de espera. Mas, no dia seguinte ao da manifestação do MST em Brasília, que causou a interrupção de uma sessão do Supremo Tribunal Federal (STF), derrubou as grades do Palácio do Planalto e feriu 30 policiais militares, Dilma recebeu os líderes do movimento no gabinete presidencial.

Para o líder do PSDB no Senado, dessa forma, a presidente dá legitimidade ao MST, o que não é aceitável segundo reforçou.

- Isso é absolutamente intolerável! É a Presidência da República legitimando algo que não pode ser legitimado, algo que é rigorosamente intolerável: uma agressão às instituições da República brasileira, ao Supremo Tribunal Federal e à Presidência da República – disse.

Aloysio afirmou ainda que a bandeira do MST não é mais atual, porque a realidade brasileira mudou. O senador explicou que, nos anos 60, o latifúndio improdutivo era um obstáculo ao desenvolvimento da economia nacional, mas, hoje, esse latifúndio, disse ele, deu lugar ao agronegócio, presente tanto nas grandes como nas pequenas propriedades.

- Essa ideia de que a economia brasileira possa se desenvolver com base na pequena propriedade rural é uma visão atrasada, não corresponde mais ao mundo de hoje. Podia ser real quando 60%, 70%, ou mesmo 30% da população brasileira vivia no campo – era a realidade dos anos 80, quando surgiu o MST. Hoje nós estamos com uma população agrícola, rural, melhor dizendo, em torno de 14% da população, sendo que boa parte desses 14% são habitantes de pequenas cidades no interior – afirmou.

Em aparte, o senador Cristovam Buarque (PDT-DF) disse que também não concorda com as manifestações violentas, mas defendeu que a reforma agrária moderna seja feita de forma que o agronegócio possa conviver com a pequena propriedade.

- A gente precisa fazer conviver os dois. Não que precise tomar terra do agronegócio. Acho que ainda existe hoje, por incrível que pareça, a necessidade de distribuição de terras para os desempregados do campo – afirmou Cristovam.

Mas Aloysio voltou a afirmar que a dinâmica do desenvolvimento brasileiro não passa pela distribuição de terras. Para ele, a presidente da República não pode legitimar o MST.

- Há um clima de degradação dos costumes políticos no Brasil. Como é que o dirigente desse movimento interrompe uma sessão do Supremo Tribunal Federal, tenta invadir o Palácio do Planalto e é recebido pela presidente da República no gabinete presidencial, onde ela não recebe sequer ministros? O meu discurso hoje é uma denúncia política dessa atitude, que, no meu entender, deslustra a instituição presidencial no Brasil e leva ao descrédito as regras da boa convivência no regime democrático – concluiu.

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)

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