Paulo Paim: 'transporte coletivo no Brasil é ruim, caro e pouco confiável'

Da Redação | 05/11/2012, 15h15

Em pronunciamento no Plenário nesta segunda-feira (5), o senador Paulo Paim (PT-RS) manifestou preocupação com a mobilidade e da acessibilidade urbanas no Brasil. Ele pediu atenção com o transporte coletivo, que é “ruim, caro e pouco confiável”.

- Se tivéssemos um excelente transporte coletivo, com certeza as pessoas não usariam seu carro todo dia para seus deslocamentos – afirmou.

O senador lembrou que, em países desenvolvidos, as pessoas têm a cultura de usar o transporte coletivo e até mesmo bicicletas. Paim registrou que, infelizmente, os engarrafamentos viraram rotina nas grandes cidades, até mesmo em Brasília. Com base em dados do Ibope, o senador informou que, em 2008, 63% dos moradores de São Paulo gastavam entre 30 minutos e três horas no deslocamento para estudo ou trabalho. Segundo Paim, outra pesquisa mostra que 54% dos brasileiros estão totalmente insatisfeitos com o transporte de massa.

Paim afirmou que os congestionamentos limitam o direito de ir e vir e causam importantes perdas econômicas. Conforme dados da prefeitura paulistana, os prejuízos anuais podem chegar a R$ 4,1 bilhões, com acidentes, manutenção e problemas com a poluição. Dados da Universidade de São Paulo (USP) mostram perdas de R$ 11 milhões por dia com problemas de trânsito na capital paulista. O parlamentar gaúcho lamentou que, com os congestionamentos, milhões de brasileiros perdem o tempo que poderia ser investido em produção, lazer ou descanso. Ele acrescentou que ainda há os problemas de saúde – como dores lombares e até problemas psicológicos – e informou que, entre os motoristas que enfrentam engarrafamentos, há chance dobrada de desenvolvimento de câncer de pulmão.

- Mais do que a economia, é a vida das pessoas que está indo embora – lamentou Paim.

De acordo com Paim, algumas medidas para amenizar o problema são consenso entre os especialistas. Priorizar o transporte coletivo é uma delas. O senador disse que é preciso modelar o desenvolvimento dos centros urbanos em torno dos eixos do transporte coletivo. Paim também criticou o fato de as tarifas de transporte urbano subirem acima da inflação oficial. Faixas exclusivas e integração entre diversos modais também podem ajudar a reduzir o problema. Ele ainda citou exemplos de outros grandes centros em outros países, como Hong Kong, em que 90% da população utilizam o transporte coletivo.

- Não dá mais para comprometer a mobilidade e a acessibilidade de milhões de brasileiros. É preciso reordenamento urbano e investimento em transporte coletivo – declarou Paim.

O parlamentar lembrou que já existem leis que tratam da mobilidade e do ordenamento urbano e destacou que o governo federal pretende investir, em conjunto com estados e municípios, em veículos leves sobre trilhos (VLT) para amenizar os problemas de trânsito em grandes centros urbanos. Paim ainda registrou que a prefeitura de Porto Alegre já tem projetos que podem ajudar na mobilidade urbana, como o aeromóvel. Ele disse que o veículo pode servir de exemplo para outras grandes cidades no país.

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)

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