Cristovam critica ‘misturada’ partidária que faz legendas perderem identidade

Da Redação | 08/10/2012, 18h20

O senador Cristovam Buarque (PDT-DF) afirmou, em discurso nesta segunda-feira (8), que a mistura partidária montada para as eleições mostra que as legendas perderam suas cores, sua ideologia, suas propostas e sua identidade.

- Nós transformamos os partidos em siglas eleitorais, não propositivas. E isso é uma tragédia política para um país: a falta de clareza e de propostas antagônicas em nível nacional – disse.

Cristovam questionou a “misturada” de partidos nas alianças, que vem se repetindo e aumentando desde 2002. Ele lamentou que ainda não tenha ocorrido uma reforma partidária que permita trazer de volta o debate ideológico. Para ele, a democracia brasileira, em vigor há mais de 20 anos, está incompleta.

- Ela é incompleta por falta de partidos com nitidez, pela possibilidade de compra de votos, pelas contribuições privadas, que amarram os eleitos aos contribuintes de suas campanhas, pela corrupção. É uma democracia que precisa dar um salto. E nenhum dos presidentes – Fernando Henrique, Lula e Dilma – teve a ousadia de trazer para cá uma proposta de reforma política que complemente a democracia, que, em 20 anos, está ficando velha – avaliou.

Mais uma vez, Cristovam elogiou os programas de transferência de renda que estão há alguns anos auxiliando as camadas mais pobres da população a ter dignidade, mas propôs que haja um salto da transferência de renda para a emancipação do povo.

- É preciso fazer com que, no país, ninguém precise receber ajuda, mas ninguém discute como se fazer essa emancipação - disse.

O senador lamentou que no país se discuta quem consegue aumentar o número de bolsas-famílias e não quem é capaz de torná-la desnecessária para a população.

- Essa inflexão é um debate ideológico, o debate da generosidade versus o debate da emancipação, e não se viu isso nessa campanha – lamentou ainda Cristovam.

Além da discussão sobre como encontrar a melhor saída para não ser mais necessário pagar bolsas, observou o senador, ainda é preciso que os partidos debatam a responsabilidade fiscal, que infelizmente começa a ser relaxada e foi uma conquista tão importante quanto a democracia no Brasil; que tenham propostas sobre a melhoria do controle dos gastos públicos; e principalmente, que discutam o modelo econômico do Brasil que é o modelo da exportação de bens primários, que já dura 500 anos, e a indústria metal-mecânica, sobretudo a indústria automobilística, que já dura 50 anos

- É preciso substituir tudo isso por um modelo que carregue a distribuição de renda dentro do produto e não passando pelo Tesouro. A indústria de automóveis privados é uma indústria concentradora, a indústria de ônibus é uma indústria distributiva; é isso que nós temos que fazer: uma indústria distributiva que respeite o meio ambiente e uma política econômica baseada na alta tecnologia que é o que vai fazer a economia do futuro – declarou.

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)

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