Oposição quer investigação contra Lula por coação, tráfico de influência e corrupção ativa

Paola Lima | 28/05/2012, 18h35

Líderes do PSDB, DEM, PSOL e PPS no Senado Federal e na Câmara dos Deputados entram nesta segunda-feira (28) com representação na Procuradoria Geral da República pedindo instauração de inquérito policial e de ação penal contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva pelos crimes de coação, tráfico de influência e corrupção ativa. No entendimento dos líderes da oposição, o ex-presidente teria cometido os crimes no curso do processo judicial, de acordo com o Código Penal.

Em reportagem na edição desta semana, a revista Veja afirma que o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes recebeu um pedido de Lula para que adiasse o julgamento do Mensalão no tribunal. Em troca, Gilmar Mendes seria “blindado” nas investigações da CPI do Cachoeira. O encontro teria ocorrido no escritório do ex-ministro da Justiça Nelson Jobim, que nega a ocorrência do pedido. O ex-presidente Lula ainda não se manifestou sobre o caso.

- Essa representação tem dois objetivos: uma investigação policial sobre o fato e uma ação criminal por coação, tráfico de influência e corrupção ativa. Com esse pedido, o ex-presidente fez uma afronta a duas instituições: o Supremo Tribunal Federal e o Congresso Nacional – acusou o líder do PSDB, senador Alvaro Dias (PR).

Líder do DEM no Senado, José Agripino (RN) afirmou ter ouvido a história do próprio Gilmar Mendes e ter ficado indignado com a situação. Ele avaliou, no entanto, que o principal resultado da denúncia já surtiu efeito, referindo-se às declarações do presidente do STF, Carlos Ayres Britto, de que os ministros são imunes à pressão no caso.

- Para mim, está claro que o PT não quer o julgamento do Mensalão – declarou Agripino.

CPI do Cachoeira

Os parlamentares de oposição enfatizaram que nem a denúncia contra o ex-presidente nem a representação apresentada na PGR teriam relação com os trabalhos da CPI que investiga as relações criminosas de Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, que está preso, com agentes públicos e privados. Mas cobraram dos integrantes da comissão uma postura que desfaça a impressão de que o ex-presidente Lula teria influência nos trabalhos da CPI.

O líder do PSDB na Câmara, deputado Bruno Araújo (PE), afirmou que a contrapartida oferecida a Gilmar Mendes por Lula demonstra que a CPI foi criada com o “propósito claro” de se interligar com os fatos do Mensalão, atingindo a oposição e parte da imprensa.

- A nossa decisão é de que esse assunto não prospera para a CPI, mas demonstra que ela nasceu contaminada e, neste momento, se confirma com esse grau de ingerência – criticou.

‘Tentativa da oposição’

Para o senador Humberto Costa (PT-PE), o caso seria mais uma tentativa da oposição de tirar o foco da CPI do Cachoeira e transformá-la em “outras CPIs”. O senador afirmou duvidar da acusação ao ex-presidente Lula que, como democrata, não seria capaz de fazer uma proposta como a contada na reportagem da Veja.

- O presidente Lula não teria condições de fazer isso, como democrata que é. Se ele nunca fez isso enquanto era presidente, não seria agora que o faria. Entre Gilmar Mendes, Lula e Jobim, fico com Lula e Jobim – defendeu, dizendo acreditar que o ministro Gilmar Mendes pode ter tido um entendimento diferente do que realmente ocorreu.

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)

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