Chargistas autografam 'Salão de Humor da Anistia'

Da Redação | 07/12/2009, 17h52

Logo após o show Pratas da Casa em Concerto - que será realizado na Sala Villa-Lobos do Teatro Nacional Cláudio Santoro, em Brasília (DF), na próxima quarta-feira (9), às 20h30 - os chargistas Claudius, Gougon, Guidacci, Lopes, Luiz Gê e o filho de Henfil, Ivan Souza, autografarão exemplares de Salão de Humor da Anistia, livro lançado em comemoração aos 30 anos da Lei da Anistia pelo Programa Senado Cultural, em colaboração com o Centro de Memória Digital da UnB.

A publicação reúne, na forma de um instantâneo, as charges políticas produzidas sobre o tema e seu contexto histórico. Além dos chargistas que participarão da sessão de autógrafos, também estão incluídas no livro obras de Chico Caruso, Glauco, Henfil, Jaguar, Lan, Nani, Otávio e Ziraldo. Os trabalhos foram publicados no Correio Braziliense, Folha de São Paulo, Jornal do Brasil, O Pasquim, Movimento, Folha da Tarde e Jornal de Brasília.

O objetivo do livro é recuperar e divulgar a memória das artes gráficas do país, nomeadamente a expressão artística mais afeita ao mundo da política, que é a charge. A organização do volume, textos e edição de imagens são do consultor do Senado Marcos Magalhães. A publicação está organizada em seis capítulos, precedidos de textos sobre o contexto histórico e as charges.

O levantamento feito por Magalhães retrocede à crise instalada com o Pacote de Abril, em princípios de 1977. Ele observa que a ditadura brasileira apresentou uma peculiaridade: foi um regime de exceção que manteve o Legislativo em funcionamento. Dessa forma, a Abertura, no plano do seu enquadramento jurídico-legal, necessitou tramitar no Congresso, mesmo que de forma "lenta, gradual e segura". Os entrechoques e incompreensões no contexto da inconstância da Abertura constituíam um dos tópicos principais das charges do período, que vão explorar as diferenças de meios e de força entre os interlocutores.

- Os artistas criaram personagens que refletiam o ambiente político da distensão. Lan concebeu a figura imaginária do jornalista, interlocutor sem censura dos políticos da transição. Claudius desenvolveu Malaquias (a consciência crítica da Abertura) e Ernestino (o saudosista deslocado da Ditadura). Henfil criou Ubaldo, o paranoico, o Sargento Flores e Xabu, o provocador. As charges sobre o fim do AI 5, como a série de Henfil, testemunham o clima de delírio, quase doce vingança. Mas também destacam a apreensão acerca do significado efetivo da nova Lei de Segurança Nacional - destaca Marcos Magalhães.

O consultor do Senado também lembra que todos os chargistas eram contra o regime militar e a favor do restabelecimento do Estado de Direito. Dessa forma, o trabalho se tornava mais fácil, pois ninguém tinha dúvida de quem era o inimigo a combater. Por outro lado, a atividade criativa contava com certas limitações, sendo que a mais temível delas era a censura, que é tratada no segundo capítulo do livro. As charges constituíam um dos seus alvos preferenciais. Muitos chargistas foram processados e condenados pela Justiça Militar.

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)

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