Senadores aprovam adesão da Venezuela, mas fazem ressalvas a Chávez

Da Redação | 29/10/2009, 16h38

Embora o protocolo de adesão da Venezuela ao Mercosul tenha sido aprovado por 12 votos a 5, resultado amplamente favorável à base governista, os senadores que participaram da reunião desta quinta-feira (29) da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CRE) foram quase unânimes ao manifestar preocupação quanto à atuação política do presidente daquele país, Hugo Chávez.

O senador Mozarildo Cavalcanti (PTB-RR) disse que, como senador por Roraima, era favorável ao ingresso do novo sócio, mas não "com tanta pressa". Ele admitiu, por outro lado, que o isolamento de Chávez não ajudaria a fortalecer a democracia na Venezuela.

- A tática de isolamento não é correta, pois, se fosse, Cuba não seria até hoje a democracia relativizada que é - comparou.

O senador Eduardo Suplicy (PT-SP) defendeu o protocolo de adesão, mas pediu a Chávez que libertasse todos os presos políticos de seu país até o Natal. Francisco Dornelles (PP-RJ) reiterou críticas feitas a Chávez pelo relator do protocolo, senador Tasso Jereissati (PSDB-CE), no que se refere ao "desrespeito das liberdades políticas, principalmente no que concerne à atuação da imprensa". Mas votou a favor da adesão, que a seu ver, levará a Venezuela a assumir compromisso com a democracia.

O ingresso da Venezuela, na opinião de João Pedro (PT-AM), ajudará a fortalecer o Mercosul. Renato Casagrande (PSB-ES), por sua vez, observou que o próprio debate sobre a adesão ajudará a aperfeiçoar a democracia na Venezuela. Ao anunciar seu voto contrário, José Agripino (DEM-RN) adiantou que poderá mudar de idéia quanto à matéria chegar ao Plenário, se até lá Chávez convidar uma delegação da Organização dos Estados Americanos (OEA) para verificar a situação dos direitos humanos em seu país.

Para o senador Pedro Simon (PMDB-RS), um dos idealizadores do Mercosul, "a rejeição do Senado equivaleria a um veto do Brasil e, em consequência, levaria a um isolamento da Venezuela". Ele assinalou que, uma vez que a Venezuela passe a integrar o Mercosul, o atual governo venezuelano estará obrigado a seguir regras democráticas definidas pelo conjunto dos países do bloco, sob pena de sanções que podem chegar inclusive à suspensão da sua participação". O acrescentou que "a questão é institucional, pois os governos passam".

Também para o senador Antônio Carlos Valadares (PSB-SE), a adesão ao Mercosul poderá contribuir para a realização de uma abertura democrática na Venezuela. Por sua vez, Heráclito Fortes (DEM-PI) lamentou que a Venezuela tenha sido tratada de forma mais flexível do que o Chile, quando este país considerou a hipótese de ingressar no Mercosul.

Flexa Ribeiro (PSDB-PA) observou que Chávez não tem dado prioridade ao Mercosul, mas sim ao seu projeto de "integração bolivariana" do continente. Por sua vez, Arthur Virgílio (PSDB-AM) considerou o ingresso da Venezuela um "golpe de morte" contra o Mercosul. Rosalba Ciarlini (DEM-RN) manifestou-se a favor da adesão, mas pediu a Chávez para perceber que sua entrada no bloco "não deverá ser para criar dificuldades".

Na opinião de Inácio Arruda (PCdoB-CE), o ingresso da Venezuela fortalecerá o Brasil, uma vez que possibilitará uma América do Sul mais unida. Flávio Torres (PDT-CE), por sua vez, disse que votaria a favor do ingresso da Venezuela, mas admitiu que o presidente venezuelano poderá criar problemas para o bloco. "Ele é maluco, mas vamos ter mais problemas sem ele", advertiu. João Ribeiro (PR-TO) também anunciou voto favorável, lembrando que a adesão da Venezuela era bem aceita pelos governadores do norte do Brasil.

José Nery (PSOL-PA) contestou as críticas à falta de democracia na Venezuela, argumentando que diversas eleições têm sido realizadas naquele país. Por sua vez, Sérgio Guerra (PSDB-PE) disse que "não há hipótese de fortalecer o regime de Chávez e a democracia". Para ele, o presidente venezuelano é um "exportador de populismos e de ditaduras".

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)

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