Senado faz sessão especial em homenagem aos 60 anos de criação do Estado de Israel
Da Redação | 12/05/2008, 16h34
O Senado realiza sessão especial, nesta quarta-feira (14), às 10h, para homenagear os 60 anos de criação do Estado de Israel, que ocorreu no dia 14 de maio de 1948. O requerimento para a realização da sessão é encabeçado pelo senador Adelmir Santana (DEM-DF), que diz ser a homenagem uma justa manifestação de apreço ao Estado de Israel e a seu povo, "berço de uma civilização com inegáveis contribuições à humanidade, como cultura, ciência, medicina, filosofia, tecnologia e religião".
Para o senador, a criação do Estado de Israel foi um caso isolado e único no mundo do pós-guerra. A Segunda Guerra Mundial alterou a geografia política do planeta, com a união entre diversos países e a separação de outros. Assim, Israel foi criado a partir de uma nação dispersa pelo mundo após cerca de dois mil anos, que renasceu devido à decisão dos demais países da comunidade internacional, reunidos na Organização das Nações Unidas (ONU) em 29 de novembro de 1947.
Localizado ao longo da costa oriental do Mar Mediterrâneo e limitando-se com o Líbano, a Síria, a Jordânia e o Egito, no Oriente Médio, o Estado de Israel (cuja capital e sede de governo é Jerusalém e a capital reconhecida internacionalmente é Tel Aviv) é dividido em seis distritos e funciona como uma república parlamentarista. Sua população é de 7,116 milhões, segundo dados de 2006 divulgados pelo Ministério de Assuntos Exteriores israelense, sendo a maioria constituída por judeus (75,8%), vindo em seguida os de religião muçulmana (16,5%), os cristãos (2,1%) e os cristãos árabes (1,7%).
Com 20.770 quilômetros quadrados (excluindo os territórios ocupados), Israel teve, em 2007, um Produto Interno Bruto (PIB) de US$ 132,5 bilhões e renda per capita anual de US$ 28,8 mil. O índice de alfabetização do país é de 91,1% e a população que vive abaixo da linha da pobreza, conforme registros de 2005, é de 21,6%. A inflação foi de 0,4% em 2007 e o desemprego ficou em 7,6% no mesmo ano. As importações foram de US$ 52,8 bilhões e as exportações, de US$ 48,6 bilhões no mesmo período.
Em mensagem saudando os 60 anos de criação do país, o primeiro-ministro de Israel, Ehud Olmert, disse que, mesmo com tantas conquistas, o país ainda tem muito a realizar, particularmente nas negociações de paz com os vizinhos árabes e na garantia de uma sociedade mais justa e igualitária. Para o historiador e escritor brasileiro Antonio Carlos Olivieri, compreender a questão geopolítica do Oriente Médio "exige uma visão ampla da história da região e passa necessariamente pelo conhecimento da fundação do Estado de Israel".
A história dessa região, de acordo com Olivieri, é muito mais longa e se confunde com a do povo judeu e de seus antepassados, os hebreus. Pode-se aceitar que ela tenha começado com os patriarcas bíblicos, como Abraão, seu filho Isaac e seu neto Jacó, a quem, segundo o Gênesis (primeiro livro da Bíblia), Deus chamou de Israel. Por se tratar de um local que constitui uma ponte natural entre a Ásia, a África e a Europa, a região sempre foi disputada e, da Antigüidade até meados do século 20, ali se impuseram os grandes impérios: egípcios, assírios, babilônios, persas, gregos, romanos, bizantinos, árabes, turcos e ingleses.
Todas as invasões ao local resultaram na dispersão dos judeus pelo mundo, em especial a partir do ano 70 Depois de Cristo, quando esse povo promoveu uma grande rebelião contra o domínio romano. As legiões de Roma reprimiram duramente a revolta e incendiaram o templo de Jerusalém, um símbolo da unidade política e religiosa hebraica. Somente uma parte do muro exterior continua de pé até hoje, constituindo um grande monumento religioso do judaísmo.
Em meados do século 19, a maior parte dos judeus se encontrava nos países da Europa oriental, como a Polônia, a Lituânia, a Hungria e a Rússia. Nessa época, a antiga Israel era uma província do Império turco, denominada Palestina. Ao mesmo tempo, uma onda de nacionalismo atingia a Europa com a unificação da Itália e da Alemanha. A Segunda Guerra Mundial gerou nova reviravolta no Oriente Médio. Fascistas italianos e nazistas alemães apoiaram os árabes com armas e dinheiro para combater ingleses e judeus e esses, apesar da posição hostil da Inglaterra, aliaram-se a ela para combater o inimigo comum, conforme conta o historiador.
Já no dia seguinte à independência, os árabes se uniram para atacar Israel, segundo Olivieri. Os judeus resistiram e venceram seus adversários e, nessa guerra, conquistaram 78% do antigo território palestino (22% a mais do que previa o plano de partilha da ONU para alojar a população árabe). Em 1949, firmou-se um primeiro acordo de paz entre os árabes e o Estado de Israel, já reconhecido pela comunidade internacional, inclusive o Brasil.
- Infelizmente, a paz e a convivência harmoniosa entre os povos da região não teve continuidade até hoje, assim como o Estado Palestino ainda não conseguiu ser efetivamente criado. De meados do século 20 até o início do século 21, a história de Israel e do Oriente Médio é marcada por tantos problemas e conflitos que constitui uma nova epopéia, quase tão longa quanto a dos cinco mil anos anteriores - lamentou o historiador.
Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)
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