Adeus a ACM reúne populares e políticos no Palácio da Aclamação

Da Redação | 21/07/2007, 15h02

Populares, amigos e políticos concentraram-se no Palácio da Aclamação, no centro de Salvador, neste sábado (21), para as últimas despedidas ao senador Antonio Carlos Magalhães. O corpo do político foi velado no local desde a noite de sexta-feira, depois de deixar a Base Aérea de Salvador, em cortejo que percorreu 35 quilômetros e durou quase duas horas. O senador faleceu na manhã da sexta-feira (21), no Instituto do Coração do Hospital das Clínicas (Incor), em São Paulo, de falência múltipla dos órgãos, depois de complicações cardíacas e renais.

Para passar em frente à urna mortuária, as pessoa enfrentaram fila de quase um quilômetro, com final na praça do Campo Grande - local onde fica o monumento ao Dois de Julho, data que marca a vitória das forças nacionais contra os portugueses, no desfecho da luta pela independência do Brasil. Muitos choraram, fizeram sinais de prece e até chegaram a tocar o caixão, de forma reverencial.

O senador será sepultado às 17h, no cemitério do Campo Santo, no bairro da Federação, ao lado do filho Luís Eduardo Magalhães, que morreu em 1998, no exercício do mandato de deputado federal, com grande influência no Congresso. Antes da saída do cortejo, houve uma cerimônia religiosa celebrada pelo monsenhor Gaspar Sadock, amigo de longa data do político, falecido no seu segundo mandato como senador, ultimamente filiado ao Democratas, partido que sucedeu o PFL.

O velório caracterizou-se como um momento de grande pluralismo político. Junto à família e amigos, políticos de todos os partidos, da esfera local e nacional. Entre os presentes, estavam diversos senadores, inclusive o presidente do Senado Federal, Renan Calheiros (PMDB-AL), e José Sarney (PMDB-AP). Os dois participaram da comitiva que acompanhou o corpo desde São Paulo, ao lado da família, em traslado feito em avião da Força Aérea Brasileira.

Na avaliação de Renan, a morte de ACM representa não somente a perda de um senador, mas também de um grande brasileiro. Segundo ele, a morte do político abre uma lacuna na vida nacional, mas salientou que ele está deixando um grande legado para as novas gerações, sobre as quais exerceu forte influência. Sarney observou que Antonio Carlos, com suas ações em favor da Bahia, conquistou o amor e admiração de toda a sua população.

- Ele conseguiu penetrar no coração do povo baiano - disse o senador pelo Amapá.

O senador César Borges (DEM-BA), que construiu sua vida política ao lado de ACM, também destacou os vínculos do senador com seu estado natal. Segundo ele, a Bahia perdeu um defensor intransigente de seus interesses. Observou que foi sob a liderança do senador que o estado saiu da condição de uma economia agrícola, que vigorava até os anos 50, para a situação de um dos estados mais industrializados do país.

- Ele lutava com coragem e destemor, brigando contra quem fosse que se colocasse contra os interesses da nossa terra - afirmou.

Para a senadora Ideli Salvatti (PT-SC), que chegou ao velório no início da tarde desta sexta-feira, o Senado será diferente sem a presença de ACM. Segundo ela, apesar de ser uma pessoa "centralizadora e até certo ponto autoritária", o senador utilizava o poder que tinha de forma benéfica para seu estado. Disse ainda que, a despeito da tenacidade com que defendia seus pontos de vista, em muitos momentos Antonio Carlos era extremamente afável ebuscava o diálogo.

O atual governador baiano, Jaques Wagner, do PT, preferiu contornar perguntas sobre o futuro do carlismo após a morte do líder que dominou a política baiana na maior parte dos últimos 50 anos. Ele, que decretou luto oficial no estado por cinco dias, classificou ACM como um político polêmico, mas admitiu que, mesmo ausente, deixará forte marca na vida do estado e do país. Os governadores do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, e de Sergipe, Marcelo Deda, também estiveram no velório.

O vice-presidente da República, José Alencar, representou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva nas cerimônias fúnebres.

Entre os senadores que passaram pelo Palácio da Aclamação, estão ainda Eduardo Azeredo (PSDB-MG), Maria do Carmo Alves (DEM-SE) e Wellington Salgado (PMDB-MG). Edison Lobão (DEM-MA), Tasso Jereissati (PSDB-CE) e Marco Maciel (DEM-PE) já estavam na Bahia desde a véspera. Outros senadores eram esperados para o enterro, entre os quais Pedro Simon (PMDB-RS). Pela manhã, o presidente da Câmara dos Deputados, Arlindo Chinaglia (PT-SP), também esteve no velório.

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)

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