Geddel diz que quem votou em Lula aprovou obras de transposição do São Francisco

Da Redação | 28/06/2007, 15h21

O ministro da Integração Nacional, Geddel Vieira Lima, afirmou nesta quinta-feira (28), em debate com senadores na Comissão de Desenvolvimento Regional e Turismo (CDR), que os manifestantes que acamparam nas proximidades das obras do projeto de transposição do Rio São Francisco, iniciadas neste mês de junho, não têm legitimidade para exigir a paralisação do projeto, pois não foram eleitos para governar.

- O Projeto de Integração do Rio São Francisco com as Bacias Hidrográficas do Nordeste Setentrional foi aprovado por maioria esmagadora do povo brasileiro na última eleição do presidente Lula e, assim, o governo Lula tem legitimidade para executar o projeto - declarou Geddel Vieira Lima.

A afirmação foi feita em resposta ao senador Eduardo Suplicy (PT-SP), que perguntou sobre o diálogo com o bispo Dom Luiz Flávio Cappio - um dos líderes dos manifestantes. Geddel Vieira Lima disse que, logo ao assumir o ministério, há dois meses, telefonou a Dom Luiz Cappio e o convidou para uma conversa no ministério, mas nunca recebeu resposta, "nem um telefonema do bispo".

Na audiência pública, proposta pela presidente da comissão, senadora Lúcia Vânia (PSDB-GO), para discutir a política de desenvolvimento regional, o projeto de transposição do São Francisco recebeu apoio dos senadores Garibaldi Alves (PMDB-RN) e Cícero Lucena (PSDB-PB).

O senador Eduardo Azeredo (PSDB-MG)disse não ser contra o projeto, mas a favor de que se faça antes a revitalização do Rio São Francisco. Em resposta, o ministro disse que a revitalização deve ser feita "antes, durante e depois" da transposição. Geddel ressaltou que, durante visita na semana passada à nascente do São Francisco, à Lagoa da Prata e à cidade de Pirapora (MG), de onde seguiu para Bom Jesus da Lapa (BA), testemunhou a necessidade do projeto tornar-se uma ação permanente.

- Navegando pelo Rio São Francisco, de Minas a Bahia vi garrafas de plástico jogadas no rio, bombas retirandoágua numa vazão maior do que a permitida por lei e outras ações predatórias que combatemos - disse Geddel Vieira Lima.

Depois de ressaltar a importância do projeto, o senador Garibaldi Alves disse que está preocupado com a informação de que, pelas previsões atuais do desenvolvimento das obras, somente daqui a três anos estará pronto o canal norte, que levará água para os sertões de Pernambuco, Ceará, Paraíba e Rio Grande do Norte. O canal leste, que beneficiará parte do sertão e as regiões do agreste de Pernambuco e da Paraíba, deverá estar pronto primeiro, disse Garibaldi.

Em alusão ao protesto de Dom Luiz Cappio, que no ano passado fez greve de fome contra o projeto, o senador Cícero Lucena disse que, por falta da água que a transposição levará a vários estados do Nordeste, milhares de pessoas já passaram fome. "Já vi casa onde havia feijão, mas não havia água para cozinhar", ressaltou o parlamentar.

Lucena argumentou que a transposição em nada ameaçará o rio, que deposita 2.800 metros cúbicos de água por segundo no oceano, já que a transposição utilizaráapenas 60 mil metros cúbicos de água por segundo. O senador ressaltou que, apesar de fazer oposição ao governo Lula, apóia esse projeto do governo, pois, como informou, a cidade de Campina Grande, por exemplo, que tem 400 mil habitantes, chegou a fazer racionamento de água e poderá sofrer falta de água se o projeto de transposição não for executado.

- No futuro, vai faltar água inclusive na capital da Paraíba, João Pessoa, se a transposição não for feita - destacou.

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)

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