Relações com a Bolívia serão debatidas em audiências reservadas

Da Redação | 31/05/2007, 14h34

As relações do Brasil com a Bolívia e a situação geral das fronteiras do país serão debatidas, em caráter reservado, em duas audiências da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CRE). Serão convidados a participar da primeira reunião o ministro da Defesa, Waldir Pires, e os comandantes da Aeronáutica, do Exército e da Marinha. A segunda audiência deverá contar com a participação do ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim.

A realização das duas audiências reservadas foi solicitada por meio de dois requerimentos apresentados pelo senador Eduardo Azeredo (PSDB-MG), vice-presidente da CRE, que foram aprovados pela comissão nesta quinta-feira (31). Ele fez a sugestão de realização dos debates logo depois de ouvir um alerta do senador Fernando Collor (PTB-AL) a respeito do relacionamento com o governo de La Paz e dos conflitos internos na Bolívia.

Segundo Collor, são igualmente preocupantes as negociações bilaterais relativas ao fornecimento de gás natural e a divisão política interna da Bolívia - a seu ver, um tema "potencialmente mais perigoso para o Brasil". Ele ressaltou a luta da chamada Media Luna boliviana, região mais rica e com maior influência européia, por maior autonomia em relação ao governo central. E considerou "preocupante" o apoio - inclusive militar - oferecido pelo presidente da Venezuela, Hugo Chávez, a seu colega boliviano Evo Morales.

- Mesmo que as informações sobre o movimento autonomista sejam exageradas, a situação da Meia Lua demanda atenção do nosso governo pela grande presença de brasileiros em território boliviano, pelos interesses econômicos, principalmente energéticos, e, sobretudo, pela evidente ascendência de Chávez sobre a Bolívia - disse Collor.

Poucos minutos antes, a pedido do senador Pedro Simon (PMDB-RS), foi adiada a votação de um requerimento do senador Jefferson Péres (PDT-AM) de voto de censura ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, por não haver defendido os interesses nacionais "com a firmeza necessária" diante de ameaças feitas pela Bolívia. O requerimento teve voto favorável do relator ad hoc, senador César Borges (DEM-BA).

Para Simon, que pediu vista do requerimento, a aprovação imediata do texto poderia representar uma "cartada fora de hora". A rejeição, por outro lado, pouparia o presidente, que, a seu ver, "merece um pouco de censura". O senador Eduardo Suplicy (PT-SP) apresentou voto contrário ao requerimento, alegando ser importante a adoção de uma "postura construtiva" em relação ao país vizinho.

Durante o debate sobre o relacionamento com a Bolívia, César Borges lembrou que a sociedade brasileira vai acabar pagando, por meio de preços mais altos do gás, pelas concessões feitas pelo governo ao país vizinho. Por sua vez, o senador Flexa Ribeiro (PSDB-PA) alertou que o enfraquecimento do Brasil poderá estimular outros países, como o Paraguai, a buscarem uma renegociação de tratados como o de Itaipu.

O senador Cristovam Buarque (PDT-DF) concordou com Flexa a respeito da existência de um sentimento anti-Brasil no Paraguai, onde um candidato à Presidência da República tem defendido uma plataforma contrária aos interesses brasileiros. Ao final da reunião, o senador Mão Santa (PMDB-PI) recordou os bons resultados de uma recente reunião com senadores chilenos e pediu uma aproximação com parlamentares da Bolívia.

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)

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