Aquecimento terrestre deve ser discutido com urgência, diz Zambiasi

Da Redação | 26/01/2007, 13h58

O aquecimento da Terra é evidente e deve ser discutido com urgência pelo Parlamento e pela sociedade. A avaliação foi feita nesta sexta-feira (26) pelo presidente da Comissão Parlamentar Conjunta do Mercosul, senador Sérgio Zambiasi (PTB-RS), ao retornar de missão oficial que esteve na Antártida entre os dias 20 e 25 deste mês para conhecer as atividades desenvolvidas pelo Brasil no continente gelado. A viagem, feita a convite da Marinha, também contou com a participação dos senadores Augusto Botelho (PT-RR), Leomar Quintanilha (PMDB-TO) e Patrícia Saboya (PSB-CE).

- Tudo chama a atenção no continente. Um aspecto que surpreendeu a mim, aos outros visitantes e pesquisadores foi o aquecimento, que é evidente. Nos dois dias que estivemos lá, a temperatura estava em torno de três a quatro graus, o que não é normal nem mesmo nesta época do ano. Devemos pôr o tema em discussão na sociedade - disse Zambiasi, em entrevista à Agência Senado.

O senador pelo PTB gaúcho disse que a questão antártica deve ser levada à Comissão de Meio Ambiente, Defesa do Consumidor e Fiscalização e Controle (CMA). Segundo ele, as alterações climáticas produzidas pela ação humana e as ações promovidas para a reversão do aquecimento da Terra merecem ser discutidas no colegiado, assim como os investimentos feitos em pesquisas no continente antártico pelo Brasil, cujos pesquisadores encontram-se há 25 anos na região.

- Vamos propor uma audiência pública nesse sentido. O Brasil é vizinho da Antártida. Podemos ser os primeiros beneficiados ou os primeiros prejudicados. Estamos diretamente ligados aos túneis de ventos climáticos emitidos pela Antártida. As correntes marinhas que partem da Antártida são responsáveis pelas mudanças de clima. Fala-se do degelo no Alasca, mas parte do equilíbrio da temperatura da Terra está na Antártida - avaliou.

Além do aquecimento da Terra, disse Zambiasi, o degelo dos mares também assusta os cientistas que atuam no continente gelado. Segundo ele, os países precisam debater normas de controle da emissão de gases da atividade industrial, como forma de conter a elevação do nível dos mares. O senador também defende o comparecimento de pesquisadores de temas amazônicos à audiência da CMA, pois considera que a destruição da floresta produz impactos na Antártida.

- As queimadas da Amazônia têm efeito direto sobre a calota polar, pois lá são encontrados vestígios dessas queimadas. O sistema é interligado. A perda da Amazônia tem significado quanto à Antártida - afirmou o presidente da Comissão Parlamentar Conjunta do Mercosul.

Zambiasi atribuiu a crescente preocupação quanto ao aquecimento da Terra ao trabalho desenvolvido pelo ex-presidente dos Estados Unidos Al Gore, que, por meio do documentário An Inconvenient Truth (Uma verdade inconveniente), mostra as conseqüências catastróficas da elevação da temperatura na Terra.

Ano Polar

Durante a missão oficial à Antártida, os senadores agendaram a realização de audiência com o ministro da Ciência e Tecnologia, Sérgio Rezende, para discutir a atuação do Brasil no IV Ano Polar Internacional, além dos projetos de pesquisa que irão participar do evento, que será realizado no biênio 2007-2009, a partir de março deste ano. A audiência, ainda sem data definida, foi acertada entre os parlamentares, o comando do Programa Antártico Brasileiro (Proantar) e representantes do ministério.

Promovido pelo International Council for Science (ICSU) e pela World Meteorological Organization (WMO), o IV Ano Polar Internacional reunirá equipes de pesquisadores de mais de 30 paises, que executarão pesquisas de vanguarda no Ártico e na Antártida para o exame de processos ambientais nos dois pólos, além das conexões destas regiões com o resto do planeta.

- A nossa luta, a partir de agora, será por mais recursos, através de audiências públicas, discutindo a periodicidade inclusive da liberação de recursos para que o Brasil possa mostrar seu potencial e sua capacidade de participação no Ano Polar, como tem feito ao longo de todos esses anos, desde que está instalado na Antártida - disse a senadora Patrícia Saboya, em entrevista à Rádio Senado.

A participação do Brasil no IV Ano Polar Antártico também será debatida em audiência pública conjunta entre a CMA e a Comissão de Educação (CE), em data a ser definida.

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)

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