Ex-presidente da Caixa afirma desconhecer irregularidades em sua gestão
Da Redação | 17/08/2005, 00h00
Valderi, que é economista e servidor aposentado da Secretaria do Tesouro Nacional, informou que, ao assumir a presidência da Caixa, tomou conhecimento que a estatal, desde 2000, já estava se preparando para mudar o "modelo" de gerenciamento dos jogos lotéricos, até então a cargo da GTech. O objetivo da Caixa era, de acordo com Valderi, passar a ter um modelo por meio do qual gerenciaria todas as loterias por conta própria.
Entretanto, relatou o ex-presidente, todas as tentativas de se implantar um novo tipo de licitação, ou de baratear o custo do contrato com a GTech, foram impedidas pela multinacional durante as negociações e, também, por meio de liminares na Justiça a favor da GTech. Respondendo ao relator da CPI, senador Garibaldi Alves Filho (PMDB-RN), Valderi relatou que tais liminares sempre eram concedidas na mesma instância, a 17ª Vara Federal, em Brasília, e com a mesma juíza. O Ministério Público investiga o caso desde maio de 2004.
Valderi informou que, com tais fatos, a Caixa teve que renovar o contrato com a GTech por 90 dias, e a renovação se deu durante a transição do governo Fernando Henrique Cardoso para o governo Luiz Inácio Lula da Silva. Valderi afirmou que a renovação foi discutida e acordada com o atual presidente da Caixa, Jorge Mattoso, que então já havia sido indicado para assumir o cargo. O depoente frisou, ao ser questionado pelo senador Juvêncio da Fonseca (PDT-MS), que nunca soube de "propostas indecorosas" para a renovação de qualquer contrato da Caixa.
O ex-presidente da estatal respondeu ainda que não conhecia algumas das figuras centrais da CPI dos Bingos, como Rogério Buratti, Enrico Gianelli, Walter Santos Neto e Denivaldo Henrique Almeida Araújo. Valderi também informou que não é filiado a nenhum partido político.
- Em nenhum momento conheci, recebi telefonema nem recebi pessoalmente os senhores Carlos Cachoeira e Waldomiro Diniz - afirmou Valderi, em resposta ao senador Tião Viana (PT-AC).
Sobre as reuniões de negociação entre a Caixa e a GTech, Valderi disse que não participou das cerca de dez reuniões, porém todas foram gravadas pela estatal. Ele colocou à disposição da CPI as fitas com os vídeos destas negociações.
Também participaram da audiência o presidente da CPI, senador Efraim Morais (PFL-PB), e os senadores Geraldo Mesquita Júnior (PSOL-AC) e Flávio Arns (PT-PR).
Presidente e relator estranham "sorte" da GTech em decisões judiciais
Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)
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