CPI ouve Roberto Jefferson no dia 30

Da Redação | 24/06/2005, 00h00

O deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ) e o seu genro, Marcus Vinicius Vasconcelos Ferreira, serão ouvidos na quinta-feira (30) pela comissão parlamentar mista de inquérito que investiga denúncias de corrupção nos Correios. A informação foi dada pelo presidente da CPI, senador Delcidio Amaral (PT-MS), após reunião administrativa com os técnicos da comissão na manhã desta sexta-feira (24).

Os parlamentares também devem votar em bloco os outros 49 requerimentos apresentados. Até agora, chegaram à CPI 209 requerimentos. O ex-ministro da Casa Civil José Dirceu, convidado em um dos 50 pedidos que não foram avaliados na primeira etapa (dos 160 apresentados inicialmente), ainda não deve ser chamado a depor.

A comissão deve pedir ainda a quebra dos sigilos bancário, fiscal e telefônico do ex-chefe do Departamento de Contratação e Administração de Material da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT) Maurício Marinho e do empresário Arthur Wascheck Neto, que teria encomendado a gravação que flagrou Marinho recebendo propina.

- Nada indica até agora a necessidade de convocação do ex-ministro José Dirceu e do ministro (Luiz) Gushiken - afirmou Delcidio.

De acordo com a agenda definida, na terça-feira (28) serão ouvidos os três ex-diretores dos Correios mais citados pelos depoentes: de Administração, Antonio Osório Batista; de Tecnologia e Infra-Estrutura, Eduardo Medeiros de Morais; e de Operações, Maurício Madureira. Na quarta-feira, os "arapongas" envolvidos com a filmagem que originou o pedido de CPI: Arlindo Molina, Jairo Martins e Joel Santos Filho. E na quinta-feira à tarde, o deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ), citado na gravação como mentor do esquema de cobrança de propinas. O seu genro, Marcus Vinicius, também vai depor, pois supostamente intermediou interesses de empresas com contratos nos Correios, segundo denunciou Maurício Marinho.

O presidente da CPI negou que o PMDB esteja agindo para trocar o relator, deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR).

- Ele está fazendo um trabalho sério, é um homem de bem e equilibrado - defendeu.

Dúvidas

 Delcidio também fez uma avaliação positiva do trabalho da CPI nesta semana, quando foram ouvidos Maurício Marinho, Arthur Wascheck Neto e seu sócio, Antônio Velasco. O senador considera "estranho e esquisito" limitar a ação de gravação do flagrante a mera disputa comercial, a partir da revelação feita por Velasco a respeito do empréstimo de "R$ 20 a 27 mil" para Arlindo Molina, retirados da cota de Wascheck da empresa deles, a Comam (Comercial Alvorada de Manufaturados). 

- Aparentemente, a ação é mais extensa do que se imagina. Até por fruto dos depósitos, da maneira como as coisas foram feitas, é no mínimo esquisita a explicação só de uma gravação de caráter comercial. Pelos sinais de ontem, não fica bem caracterizado, a  impressão é de que há uma coisa muito mais ampla - informou Delcidio.


O presidente disse ainda que o depoimento de Marinho foi "amplo e divergente" e que a comissão está trabalhando numa planilha para "verificar as afirmações desconexas ou controversas". Delcidio revelou que ele e os líderes estão trabalhando de forma a garantir os trabalhos da comissão durante o recesso parlamentar de julho.

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Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)