Alberto Fraga garante que documentos que incriminam PT são autênticos

Da Redação | 17/03/2005, 00h00

O deputado Alberto Fraga (PTB-DF) garantiu que os documentos que apresentou à imprensa, denunciando a doação, pelas Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farcs),  de US$ 5 milhões ao Partido dos Trabalhadores (PT) para a campanha eleitoral de 2002, são autênticos e lhe foram passados por dois agentes da Agência Brasileira de Informação (Abin). "Alguns jornalistas me perguntaram se eu teria comprovantes de depósito bancário. Ora, se eu tivesse, já teria feito a denúncia ao TSE e pedido a cassação do presidente da República", disse Alberto Fraga.

O deputado disse que os dois agentes da Abin o procuraram em seu gabinete com a denúncia da doação das Farc ao PT. "Respondi que era uma denúncia muito grave e eu não poderia ser leviano e receber as acusações sem provas concretas e definitivas. Uma semana depois, me trouxeram a fonte original, o manuscrito, o documento interno da Abin. E esse agente trabalha há sete anos no órgão, não é um simples informante", disse.

Alberto Fraga disse que, como deputado, não poderia ignorar a denúncia e as provas. Segundo ele, em uma fazenda do Mato Grosso chamada Coração Vermelho, houve uma reunião política e um falso padre, chamado Oliverio Medina, teria montado o esquema de doações, e um agente infiltrado fez a denúncia. "É um fato incontestável. O agente trabalha há sete anos na Abin, chegou a ser exonerado pelo general Alberto Cardoso, no governo Fernando Henrique Cardoso, mas continua lá. Não aceito a acusação de que forjei documentos", disse o deputado. Ele acrescentou que o documento tem nomes, telefones, endereços, data e local da inauguração das sedes das Farc no Brasil. "Como bom policial que sou, chequei tudo, os nomes, os números telefônicos, e tudo batia. Não quero aparecer às custas de fatos tão graves", disse.

O líder do PT, senador Aloizio Mercadante (PT-SP), disse que não existe denúncia séria, é tudo baseado em boatos, e que a própria revista Veja reconhece não haver provas que sustentem a denúncia. "O que se lê e se vê são pretensos comentários vindos de Mato Grosso, que não citam em que cidade isso teria ocorrido, não citam as fontes, não esclarecem quem estava presente.O deputado tem obrigação de mostrar todos os documentos que tem e apresentar suas fontes. Ou tudo é secreto apenas para caluniar, difamar?", perguntou Mercadante. "É como despejar um saco de penas e obrigar outra pessoa a catar tudo, espalha-se a mentira, a calúnia, e os acusados que se defendam", disse.

O líder do PSDB, senador Arthur Virgílio,  defendeu uma Comissão Parlamentar de Inquérito para apurar tudo. "Até porque quero ver esse doutor Oliverio Medina à minha frente mais uma vez", disse. Virgílio disse que foi procurado, no governo anterior, por Medina, que queria sua ajuda para dar às Farc status semelhante ao da Organização para Libertação da Palestina no Brasil. "Com o respaldo do governo brasileiro, eu lhe disse que a OLP representava um povo em busca de território, enquanto as Farc tentavam derrubar um governo constitucional reconhecido pelo governo brasileiro", disse Arthur Virgílio.

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)

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