General se compromete a apresentar mais detalhes em reunião fechada
Da Redação | 17/03/2005, 00h00
Para Jefferson, não é importante, a princípio, saber se as Farc efetivamente doaram dinheiro ao PT, conforme denúncia publicada pela revista Veja. De acordo com o senador, já é um fato grave que um partido tenha tido reuniões para tratar de temas políticos com "uma organização criminosa estrangeira", em referência ao fato de que as Farc possam ter conexão com o narcotráfico.
Em razão dessa afirmativa do general, o deputado José Carlos Aleluia (PFL-BA) propôs que se fizesse reunião em caráter sigiloso, a fim de que o general pudesse fornecer maiores detalhes sobre o caso Farc-PT e mostrar relatórios produzidos pela Agência Brasileira de Inteligência (Abin) sobre contatos e outros tipos de ação das Farc no Brasil. Durante a reunião, Félix só mostrou um documento da Abin tratando da suposta doação de dinheiro ao PT, mas em que apenas é relatada informação não confirmada sobre o trânsito dos recursos pelo Mato Grosso.
- Concordo com o senador Jefferson Peres em que a investigação deve continuar, embora não concorde com a instalação de uma comissão parlamentar de inquérito para esclarecer o caso - disse Aleluia.
O deputado Fernando Gabeira (PV-RJ) disse que até concorda com a reunião secreta, mas desde que seja para tratar de documentos que sejam verdadeiros, uma vez que o documento utilizado na matéria de Veja seria uma cópia datilografada de um manuscrito recebido pelo deputado Alberto Fraga (PTB-DF). Em relação ao documento apresentado pelo ministro da Segurança Institucional, Gabeira considerou que, por sua fragilidade, demonstraria o que denominou "a indigência" do serviço de inteligência.
- A matéria da Veja é o que se chama de cascata, na linguagem jornalística. A manchete é afirmativa, mas o conteúdo do texto não prova que houve a doação das Farc ao PT - disse o deputado, garantindo que não tem simpatia pelas Farc e que tem críticas ao PT.
Já o senador Ney Suassuna (PMDB-PB) sugeriu que se trate com muito cuidado esse assunto, de forma a preservar o estado brasileiro. Na opinião dele, a reuniões e relatórios da comissão sobre o tema, seria preferível que os parlamentares visitassem a Abin e verificassem eles próprios os documentos que considerassem importantes.
No entender do deputado Paulo Rocha (PT-PA), a celeuma em torno do suposto financiamento de campanhas do PT pelas Farc é uma estratégia da oposição para "antecipar a disputa eleitoral de 2006". Já o senador Delcídio Amaral (PT-MS) classificou de "surrealista" a situação vivida pelo PT, ao ter de defender-se de uma acusação sem provas. Mesmo sem acreditar que o PT tenha recebido dinheiro dos guerrilheiros colombianos, o senador Antero Paes de Barros (PSDB-MT) ressaltou a necessidade de que o assunto seja esclarecido.
Na parte final da reunião, respondendo a perguntas de Antero e do senador Demóstenes Torres (PFL-GO), o general Jorge Armando Félix disse que o serviço de inteligência não tomou conhecimento de evento realizado pelas Farc numa propriedade rural chamada Coração Vermelho e que não possui fita desse evento - fita essa que teria sido gravada por um agente da Abin, conforme o que foi publicado em Veja.
O diretor-geral da Abin, delegado Mauro Marcelo de Lima e Silva, declarou que o relatório sobre as Farc apresentado nesta quinta à comissão é apenas "uma peça de um quebra-cabeças". Ele afirmou que o documento não foi destruído para que fossem feitas mais averiguações.
Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)
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