General Felix e diretor da Abin garantem que documento de Veja é falso
Da Redação | 17/03/2005, 00h00
O ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República, general Jorge Armando Félix, e o diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), delegado Mauro Marcelo de Lima e Silva, garantiram à Comissão Mista de Controle das Atividades de Inteligência que os documentos que atestariam ligações do Partido dos Trabalhadores (PT) com as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), não foram produzidos pela Abin. Esses documentos, fornecidos à imprensa pelo deputado Alberto Fraga (PTB-DF), deram base a reportagens apresentadas pela revista Veja e pelos noticiários das emissoras de televisão Globo e Record.
O general Jorge Armando Félix apresentou o único documento oficial da Abin, que trata deste tema. É um relatório de duas páginas, com número de classificação: 0095/3100/DOIN/ABIN, de 25 de abril de 2002. Ele informou que o documento foi arquivado por não merecer crédito, devido a não apresentar qualquer prova das afirmações nele contidas. O relatório registrava o boato de que as Farc teriam oferecido US$ 5 milhões ao PT como ajuda nas eleições presidenciais. O dinheiro seria dado por meio de empresários brasileiros simpatizantes do partido, o que camuflaria sua verdadeira origem. O documento dizia ainda que o representante das Farc no Brasil queria registrar em cartório todos os grupos de esquerda no Brasil, e que haveria, no México, um seminário de apoio aos povos palestinos.
- Claro que a Abin acompanha todas as atividades das Farc, é de sua natureza, mas neste caso específico, não há idoneidade, não há confirmação, e portanto a documentação foi arquivada", disse o general Jorge Armando Felix.
Já o diretor-geral da Abin, delegado Mauro Marcelo de Lima e Silva, disse que todo documento produzido pela agência é resultado de coleta, processamento e análise, e as informações vêm de várias fontes, telefonemas, cartas, informantes, agentes. Quando essas informações chegam à agência, segundo o delegado, são redigidas em forma de documento interno, de acordo com manual de redação e estilo, com características peculiares, tipo de letra, locais precisos no papel para colocação da data, logomarca etc.
- Eu posso garantir que os documentos apresentados pelo deputado Alberto Fraga na televisão não são da Abin, fogem inteiramente às características do nosso padrão interno de texto e estilo", disse o delegado Lima e Silva. - Há erros de grafia, o nome do tal falso padre que representa as Farc está grafado erradamente, há erros de digitação, e as informações não confirmadas estão misturadas a boatos, mentiras, dados banais de 2002, uma mistura que visava dar credibilidade ao falso documento, tanto que mereceu reportagem da Veja e das televisões.
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Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)
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