Falta de dados sobre acidentes dificulta ações, avalia consultor

Aline Guedes | 09/05/2017, 10h10

A ausência de dados oficiais dificulta ações do poder público para a diminuição da violência no trânsito no Brasil, segundo o consultor do Senado Rodrigo Novaes. Ele informou que o Departamento Nacional de Trânsito (Denatran) deixou de produzir estatísticas desde 2009 e que os números mais atuais são divulgados apenas pelo Seguro DPVAT e pelo SUS.

Embora se dê mais atenção aos acidentes com automóveis, o consultor considera mais preocupantes os que envolvem motocicletas, cujo aumento foi de 200% num período de dez anos (2002 a 2012). Isso porque, segundo ele, 25% do trânsito brasileiro é composto por motos, que são responsáveis por mais de 50% dos feridos graves.

Além disso, Rodrigo aponta que o alto índice de desastres no país se deve a fatores como a má conduta dos motoristas e das condições das rodovias, além do descumprimento das leis:

— Vivemos um problema grave, histórico e cultural. Embora o Código de Trânsito Brasileiro determine que os veículos maiores protegem os menores, a gente vê o oposto disso, que é a imposição da lei do mais forte. Mas isso pode e deve ser mudado por meio da educação — ressaltou.

Para Rodrigo Novaes, as leis em vigor no Brasil são suficientes, mas não são aplicadas e, por isso, não apresentam os resultados que deveriam. O esforço do Congresso Nacional para agravar as penalidades para as infrações, segundo ele, não basta para acabar com as mortes no trânsito. Um exemplo é a Lei Seca, cuja punição é significativa, com multas que podem chegar a mais de R$ 6 mil, mas que carece de fiscalização e de aceitação social, conforme o consultor.

— É uma lei, do ponto de vista geral, positiva, que teve efeito durante um tempo em que houve um esforço de fiscalização, mas que vem se perdendo.

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)