Em fim de ano, aumenta o perigo das compras on-line

Da Redação | 11/12/2012, 00h00

A proximidade do Natal faz as ameaças virtuais se multiplicarem no comércio eletrônico. A Associação Brasileira de Comércio Eletrônico acredita que as vendas devem alcançar R$ 3,76 bilhões na soma de novembro e dezembro — crescimento de 45% em relação ao mesmo período do ano passado.

Isso aumenta o interesse dos golpistas da internet, e os cuidados do consumidor devem aumentar na mesma proporção, ou ainda mais. Há reclamações sobre atraso na entrega, produto com defeito e cobrança indevida.

Por isso, o Procon de São Paulo divulgou dia 27 lista com mais de 200 sites que devem ser evitados por quem pretende fazer compras na internet (http://bit.ly/listaProcon). O órgão tem também um guia de comércio eletrônico, com dicas de segurança (http://bit.ly/guiaProcon).

Segundo levantamento realizado pela empresa multinacional de antivírus McAfee, os cinco principais golpes na internet esperados para o Natal deste ano são lojas virtuais falsas, aplicativos móveis mal-intencionados, golpes de viagens e mensagens de spam com temas natalinos. As principais recomendações são conferir se o endereço eletrônico de pagamento tem a letra “S” (https://) e nunca fornecer a senha do cartão de crédito.

Golpes com cartão de crédito, aliás, ganharam as manchetes em setembro, quando a Polícia Civil do Distrito Federal prendeu em um hotel de Brasília o goiano Douglas Augusto de Lima Souza, de 21 anos. Em uma semana de hospedagem, ele gastou mais de R$ 12 mil em diárias e bebidas. Disse que era funcionário de uma empresa com sede em Londres, com cartão corporativo.

À Justiça, Douglas informou que por 50 dólares comprou os dados do cartão de crédito nos Estados Unidos, onde morou três anos e fez faculdade de Sistemas da Informação. Agia com seis comparsas, e a polícia acredita que o prejuízo gerado pelo grupo em todo o mundo seja de R$ 8 milhões. Este mês, Douglas foi condenado a um ano e seis meses de reclusão em regime aberto e 25 dias-multa (pouco mais de R$ 500), por estelionato.

“Meu filho perdeu a vida aos 15 anos, vítima de bullying virtual” - depoimento deIsabel Ângela dos Santos Matos, mãe de Caíque

Ao lado de cartaz sobre o filho, Isabel dá palestra para 
outras mães

“Caíque tinha 15 anos e sempre foi muito tímido e reservado. Na adolescência, apesar de ter 1,90 metro, ser lindo e assediado pelas meninas próximas, passou a se relacionar mais pelo computador. Eu e o pai dele acreditávamos que dentro de casa ele estava mais seguro do que na rua. Vimos depois que não é assim.
Na internet, passou a frequentar um universo virtual chamado IMVU, semelhante ao famoso Second Life. Lá você pode frequentar ambientes públicos — como praias, bares ou discotecas — e também espaços privados, como salas onde se faz sexo virtual ou se usam drogas também virtuais. Nesse mundo paralelo, meu filho, que na realidade vivia aqui em Salvador, namorou e casou-se com alguém que se apresentava como Fernanda, de Belo Horizonte. Também se comunicavam por mensagens de texto de celular.
Após alguns meses, ela esfriou o relacionamento. Caíque ficou muito triste, mas conheceu outra menina virtual. Quando Fernanda descobriu, começou o bullying. Dizia que ele era um traidor, que não merecia viver. No dia 6 de maio trocaram mais de cem torpedos. Ela dizia que o demônio estava esperando meu filho. Ele respondia que a amava e pedia perdão. O último torpedo dela dizia assim: ‘Minha última gota de sangue é para dizer que eu te amo’. O último torpedo dele dizia: ‘Vou provar meu amor por você’.
Quase às 2h da madrugada, Caíque se enforcou no quarto dele. O computador ficou ligado no mundo virtual, o celular cheio de torpedos. Os irmãos dele nos falaram do universo paralelo. A polícia investiga, mas até agora não há respostas. Nem sabemos se Fernanda é mesmo uma mulher. No início, ela até respondeu alguns torpedos meus. Disse que a culpa era dos pais, que deixavam o filho tempo demais na internet.
Em meio a muito sofrimento, eu e meu marido tivemos uma ideia luminosa: decidimos lutar para que outros pais não passem por isso, orientando famílias e professores sobre os perigos da internet. Um mês depois, eu já fazia palestras em colégios e faculdades, mostrando que o mundo virtual pode ter consequências trágicas no mundo real. No Facebook, criei o grupo Diga Não ao Bullying Virtual.
Apoio as novas leis, mas não se enquadram no que aconteceu comigo; não preveem bullying cibernético.”

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)