Cercado de tabu, luto marca a vida de familiares

Tatiana Beltrão | 30/05/2017, 10h27

Estima-se que cada suicídio tem um impacto devastador na vida de pelo menos outras seis pessoas. A cineasta Petra Costa foi atingida por essa dor aos 7 anos, quando sua irmã, a atriz Elena Andrade, se suicidou.

— É um luto diferente, tem um tabu em volta. Comecei a tratar a morte dela como um segredo. Eu, uma criança, sentia culpa. Todos sentiam.

Elena tinha 20 anos quando morreu. Estava depressiva, depois de mudar-se para Nova York para trabalhar em cinema e teatro. A morte marcou profundamente a vida de Petra.

Em 2012, a cineasta lançou o documentário Elena, em que mergulha na história da irmã, refazendo seus passos a partir de diários, cartas, depoimentos e filmes caseiros.

Petra conta que, quando decidiu filmar, ouvia: “Quem vai querer ver um filme sobre suicídio?”. Muita gente quis: Elena foi premiado em festivais de cinema, como o de Brasília, e gerou um movimento de mobilização social, com debates, até em escolas, sobre suicídio e saúde mental. Mas isso não diminui a perda. “Elena é minha memória inconsolável”, diz ela.

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)