Lott presidente teria evitado golpe de 64, diz biógrafo

Ricardo Westin | 09/11/2015, 19h05

Em 1960, já com a patente máxima de marechal, Henrique Lott se candidata pelo PSD à sucessão de JK, mas perde para Jânio Quadros, apoiado pela UDN. O presidente logo renuncia, dando lugar ao vice, João Goulart (PTB). Em 1964, Jango é derrubado por um golpe militar.

O jornalista Wagner William, autor da biografia de Lott O Soldado Absoluto (editora Record), afirma:

— Jango não reagiu porque haveria derramamento de sangue. Se Lott estivesse na Presidência, o golpe não teria sucesso. Ele era soldado e partiria para a guerra. Tenho certeza de que passaria o poder para o presidente eleito democraticamente em 1965.

Quem dá o golpe em 1964 é o mesmo grupo que tentou tomar o poder em 1954 e 1955. O primeiro golpe foi abortado pelo suicídio de Getúlio. O segundo, pela ação de Lott.

William diz que a população apoiou 1964 por causa do que havia ocorrido em 1955, quando Lott derrubou dois presidentes, inclusive atropelando a Constituição, mas manteve a democracia. Em 1964, ao contrário, os militares não devolveriam o poder e implantariam uma ditadura.

Para o biógrafo, Lott hoje é pouco conhecido porque a ditadura o varreu da versão oficial da história.

Segundo o historiador Antonio Barbosa, da Universidade de Brasília, 1946–1964 foi o primeiro período verdadeiramente democrático no país:

— O aprendizado democrático não foi fácil. Houve crises permanentes. A oposição [UDN] insistentemente recorreu aos militares para tentar tomar o poder.

A seção Arquivo S, resultado de uma parceria entre o Jornal do Senado e o Arquivo do Senado, é publicada na primeira segunda-feira do mês.

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)