Em 1950, quando foi anfitrião da Copa do Mundo pela primeira vez, o Brasil era um país rural e sem autoestima. Em 2014, quando abrigou o Mundial pela segunda vez, já era um país diferente — urbano e orgulhoso de seus talentos. A transição do Brasil antigo para o Brasil moderno começou em 1958, de acordo com o jornalista Joaquim Ferreira dos Santos, autor do livro Feliz 1958 - o ano que não devia terminar (Editora Record):

— Foi o ano em que tudo deu certo. O Brasil ganhou a Copa do Mundo pela primeira vez. João Gilberto lançou Chega de Saudade, o disco fundador da bossa nova. A revista Manchete apresentou fotos belas da colunata do Palácio da Alvorada pronta, mostrando que Brasília, em construção, se tornaria mesmo realidade, e não mais uma lenda brasileira que não se confirmaria. A arquitetura de Niemeyer causava espanto internacional. Em 1958, o Brasil assistia a Rio Zona Norte, o primeiro filme de Nelson Pereira dos Santos, que inaugurou o Cinema Novo. O Brasil se industrializava.

Na avaliação do jornalista, essa sequência de “conquistas” em 1958 fez nascer um orgulho brasileiro que não existia antes.

— Até então, não havia nada que tornasse o Brasil celebridade internacional. Ali, o Brasil passou a ser reconhecido não pela miséria e pelo subdesenvolvimento, mas pelo talento do futebol, pela sofisticação da música, pela beleza da arquitetura. Nós nos tornamos internacionais pela primeira vez.


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