Esquecidos por 125 anos, desenhos originais da Bandeira Nacional são encontrados no Rio

Ricardo Westin | 03/11/2014, 15h47

Dois papéis históricos de valor inestimável foram descobertos no Rio de Janeiro há poucos anos. São os rascunhos que deram origem à bandeira do Brasil, riscados pelo engenheiro Raimundo Teixeira Mendes em novembro de 1889, após a Proclamação da República.

Em ambos os papéis se veem a esfera, as estrelas e os dizeres “Ordem e progresso”. O primeiro é um papel milimetrado, que permitiu a Teixeira Mendes posicionar e dimensionar cada estrela com precisão. O segundo é um papel vegetal, onde estão os traços definitivos.

Os desenhos estavam na centenária Igreja Positivista, no bairro da Glória, esquecidos dentro de uma caixa. Foram descobertos por acaso, quando se limpavam os armários de um antigo presidente da igreja, que morreu em 2014. 

— Encontramos um tesouro que pertence a todos os brasileiros — afirma o sucessor dele no comando da Igreja Positivista, Alexandre Martins.

O material estava na igreja porque o positivismo exercia forte influência sobre os republicanos brasileiros do final do século 19. Criado pelo francês Auguste Comte, o positivismo usa a ciência para explicar o mundo. Hoje ultrapassada, essa visão era vanguardista para a época.

Foi o positivista Benjamin Constant, ministro da Guerra do novo regime, que aprovou o desenho de Teixeira Mendes, também positivista. Amor, ordem e progresso formavam o tripé da religião.

Os desenhos descobertos em 2014 serviram de base para uma pintura a óleo, também de 1889, do artista Décio Villares, outro seguidor da igreja. Foi o molde para que as costureiras confeccionassem as primeiras bandeiras. A pintura ficou exposta na Igreja Positivista até 2010, quando foi roubada. Parte do telhado havia desabado, o que permitiu a entrada dos ladrões. A Polícia Federal e a Interpol foram acionadas, mas a obra até hoje não foi recuperada.

Reportagem atualizada em 13/01/2020

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)