Ernesto Araújo elogia plano de paz para conflito entre Israel e palestinos

Anderson Vieira | 05/03/2020, 12h21

O ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, elogiou o plano de paz apresentado pelo governo dos Estados Unidos, em janeiro, para a solução do conflito entre Palestina e Israel. Segundo ele, a tentativa do presidente americano, Donald Trump, equilibra a necessidade de segurança dos israelenses e a vontade dos palestinos de finalmente ter um Estado próprio. A avaliação foi feita pelo chanceler brasileiro na manhã desta quinta-feira (5) em audiência na Comissão de Relações Exteriores (CRE). 

Ernesto Araújo afirmou que o Brasil não é o único a apoiar a iniciativa e lembrou que se trata de uma proposta a ser aperfeiçoada até que se chegue a uma solução comum. Ainda segundo ele, é uma oportunidade nova para se chegar à paz e não há outro projeto alternativo num horizonte de curto prazo. Para o ministro, "o governo Bolsonaro tem defendido a abertura de soluções diplomáticas inovadoras, por isso saudou o lançamento do plano paz como primeiro passo para a solução duradoura do conflito".

— Uma reação contrária ao plano é uma perspectiva dogmática apenas, uma repetição de posições anteriores que até hoje não levaram a nada. Pode-se dizer que é uma proposta pragmática, que tenta ver a situação por ângulos diferentes e criar uma dinâmica diferente. O fato de haver uma busca de equilíbrio claro entre a segurança de Israel e a aspiração de um Estado palestino também é fundamental, algo que não ignora as realidades — avaliou. 

Ainda segundo o ministro, o plano aborda pontos fundamentais para as duas partes interessadas, como a coexistência pacífica dos dois estados, a erradicação do terrorismo, a criação de condições econômicas para sobrevivência do Estado Palestino, a distensão das relações entre Israel e outros países árabes vizinhos e a garantia da liberdade religiosa para pessoas de todas as fés.

Apresentado em 29 de janeiro numa cerimônia na Casa Branca, o plano foi classificado por Donald Trump como o "acordo do século". No entanto, palestinos já se manifestaram contrários a diversos pontos do projeto. O presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas, chegou a chamar a proposta de "conspiração".

Venezuela

O ministro falou também aos senadores sobre as perspectivas da política externa brasileira para 2020. Segundo ele, o país continuará trabalhando em cima de quatro eixos fundamentais, dos quais não abre mão: democracia, soberania, desenvolvimento econômicos e valores. 

A partir dessa premissa, afirmou que o Brasil seguirá atuando para livrar a Venezuela do regime de Nicolás Maduro, visto que considera impossível avançar no desejo de integração da América Latina sem democracia. 

— Impossível levar paz e prosperidade à região se não trabalharmos dia e noite pela democracia, especialmente hoje em que regimes totalitários, como o da Venezuela, negam liberdade ao seu povo e estão associados ao narcotráfico e ao terrorismo. Não viveremos tranquilos enquanto tivermos esse regime. Estamos convencidos de que a libertação da Venezuela trará nova realidade à região — avaliou. 

Em relação à Bolívia, o chanceler acredita que o país está no rumo certo, preparando a realização de eleições livres e transparentes. 

— Acreditamos que há uma evolução positiva na preparação das eleições que ocorrerão em maio. A Bolívia está no bom caminho, e é todo interesse do Brasil ver um país pacífico e democrático — disse. 

Argentina

Sobre a Argentina, Ernesto Araújo disse que o novo governo do país deu sinais preocupantes em relação à possibilidade de retrocesso no Mercosul, o que não se verificou. Segundo ele, apesar da dificuldade econômica, a Argentina tem mantido os compromissos no bloco. Além disso, são boas as perspectivas de um encontro entre os presidentes Jair Bolsonaro e Alberto Fernández, sucessor de Mauricio Macri. 

— Ontem, na visita do presidente da Câmara dos Deputados argentina [Sergio Massa] ao presidente Bolsonaro, ele falou da disposição de em breve se encontrar com o presidente Fernández e isso foi bem recebido — informou. 

Os mandatários dos dois países já trocaram críticas públicas e ainda não se encontraram, desde que o presidente argentino tomou posse, em dezembro do ano passado. 

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)