Vanessa Grazziotin quer punição de advogado que a agrediu durante voo

Da Redação | 08/09/2016, 18h15

A senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM) anunciou, nesta quinta feira (8), ter registrado ocorrência na Polícia Legislativa do Senado Federal contra o advogado Paulo Henrique da Rocha Louris Demchuk, para que a Polícia Legislativa encaminhe ao Ministério Público do Paraná denúncia criminal contra ele. A senadora disse que também vai entrar com ação civil na Justiça do estado.

Em Plenário, Vanessa contou que o advogado a agrediu verbalmente quando chegavam à capital do estado, Curitiba, na quarta-feira (31) – logo após a aprovação do impeachment contra a ex-presidente Dilma Rousseff no Senado.

Segundo a senadora, o cidadão tentou “com violência extrema” tirar-lhe o celular das mãos, quando iniciou o registro de vídeo da agressão que estava sofrendo.

— Fiquei sabendo (depois) que ele concedeu várias entrevistas defendendo a possibilidade de hostilizar políticos. Veja a grande diferença: manifestação de opinião não significa agressão com palavras; não significa acusações vazias e muito menos física, porque eu fui agredida fisicamente por esse senhor, que espero que pague, pague, com toda a força e determinação da Justiça brasileira — declarou.

O presidente Renan Calheiros considerou “lamentável” a agressão sofrida pela senadora, classificando a atitude como “covarde, machista e antidemocrática”.

— Determino às instâncias administrativas do Senado Federal, em particular à Advocacia do Senado, que adote as providências legais para garantir a punição do agressor e a devida reparação à honra de Vossa Excelência e dessa Casa — afirmou.

Solidariedade

Vanessa Grazziotin recebeu o apoio de diversos senadores presentes em Plenário. Para a senadora Lídice da Mata (PSB-BA), o fato de Vanessa ser mulher estimulou a agressividade do homem.

— Duvido que se estivesse ali um homem, ele ousasse tanto. Portanto, eu quero prestar minha solidariedade, dizendo que nós não aceitaremos esse tipo de comportamento e parabenizar a senadora Vanessa, que tomou as medidas corretas, e acima de tudo, chamar as mulheres, as mulheres desta Casa, as mulheres do Brasil, a não permitirem a violência contra nós — conclamou.

O líder do governo no Senado, Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP), defendeu que o recurso à violência física ou verbal na luta política deveria ser banido e não condiz com a cultura democrática. Ele relatou que a advogada Janaína Paschoal, que viajava para São Paulo no mesmo voo de sua esposa, também foi ameaçada de agressão por uma pessoa no aeroporto de Congonhas. Segundo Aloysio, a agressão só não se consumou porque um policial deteve o agressor.

— Penso que esse tipo de comportamento, as injúrias, os gritos, os xingamentos de lado a lado devem cessar, para que nós possamos progredir nesse experimento fantástico que é a construção da democracia no nosso país — disse.

O senador José Aníbal (PSDB-SP), por sua vez, considerou um “constrangimento” ver um parlamentar ser hostilizado de forma grosseira por suas posições políticas.

— Não é uma abordagem para uma conversa, para um questionamento. É uma agressão, é um julgamento que se quer sumário. Evidentemente não podemos aceitar isso — declarou o senador, elogiando Vanessa pela postura com que lidou com a situação.

Outras agressões

O senador Eduardo Amorim (PSC-SE) prestou solidariedade à senadora e contou também ter sido agredido em função de sua posição na votação do impeachment na semana passada. Segundo ele, quando desembarcou no aeroporto de Aracaju, foi agredido verbal e fisicamente.

— Fiz como fez a senadora Vanessa Grazziotin, que prestou queixa à Polícia Federal e à Polícia Civil, porque o manto da democracia não pode encobrir, de forma nenhuma, agressões covardes neste país – sustentou.

Humberto Costa (PT-PE) também se solidarizou com Vanessa, Eduardo Amorim e demais vítimas de agressões semelhantes.

— Entendo que, independentemente de ser de direita, de esquerda, de ter tal ou qual posição sobre um determinado assunto, ninguém pode ser vítima de qualquer tipo de agressão, seja verbal, seja física.

Falando em nome do PMDB, o senador Romero Jucá (RR) também condenou qualquer tipo de ato de agressão física ou verbal no país.

— É inadmissível que qualquer um de nós, político ou cidadão brasileiro, por conta de expressar suas convicções e defender suas ideias possa ser agredido verbal ou fisicamente em qualquer tipo de manifestação — disse.

Renan Calheiros pediu que a Comunicação do Senado divulgue o vídeo da senadora Vanessa Grazziotin em seus veículos como forma de “materializar a covarde e vergonhosa agressão” e de demonstrar o inconformismo do Senado com a agressão. O presidente ainda prestou solidariedade aos senadores Cristovam Buarque (PPS-DF) e Eduardo Amorim (PSC-SE), também vítimas de agressões nos últimos dias.

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)