Impeachment ocorre por pressão de elite contrariada, avalia Capiberibe

Ricardo Westin | 31/08/2016, 02h08

João Capiberibe (PSB-AP) discursou na madrugada desta quarta-feira (31) contra o impeachment de Dilma Rousseff. O senador comparou a possível destituição da presidente ao golpe militar de 1889 que derrubou a Monarquia e implantou a República. De acordo com ele, os dois episódios têm a elite como protagonista.

— A princesa Isabel contrariou os poderosos do agronegócio daquela época e assinou a Lei Áurea, acabando com a escravidão. Esses poucos homens organizaram a governança da República para si e para os seus, excluindo os demais. Até hoje eles se sentem os senhores absolutos dos anéis. Basta ver a República da Avenida Paulista, com seus patinhos amarelos [pedindo o afastamento]. O impeachment é similar à quartelada do marechal Deodoro da Fonseca, porém com mais sofisticação. Em vez de espadas e baionetas, usam a Constituição.

Segundo Capiberibe, o “toma-lá-dá-cá” que sustentou os presidentes da República desde a redemocratização acabou esfarelando justamente nas mãos de Dilma Rousseff, por causa do “arranca-rabo” entre o PT e o PMDB, que antes “andavam de mãos dadas pela Esplanada dos Ministérios ocupando os espaços de poder”.

Na avaliação do senador, o impeachment não será capaz de tirar o Brasil da crise.

— A saída é a convocação de um plebiscito, para que o povo decida se quer uma eleição para escolher um presidente transitório com mandato até 2018. Precisamos recorrer ao povo como mediador desta crise.

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)