Césio 30 anos: a vida depois do pó da morte
Rádio Senado conta a história dos 30 anos do acidente com o césio-137
Projeto em discussão no Congresso Nacional amplia o número de pessoas com direito a receber uma pensão do governo federal
O acidente radioativo em Goiânia está completando 30 anos agora em setembro. Tudo começou quando um aparelho de radioterapia abandonado foi parar num ferro-velho, onde foi violada uma cápsula de chumbo contendo um pó azulado que emitia radiação, o césio-137. A contaminação atingiu centenas de pessoas.
Essa história é contada na série especial “Césio 30 anos: a vida depois do pó da morte”. As reportagens destacam como é o tratamento médico dos chamados “radioacidentados” e a luta deles para receber uma compensação financeira considerada justa. Está em discussão no Congresso Nacional um projeto (PL 816/2003) que amplia o número de pessoas com direito a receber uma pensão do governo federal.
A Rádio Senado também ouviu algumas vítimas, como Odesson Alves Ferreira, que teve contato direto com o césio. Em setembro de 1987, Odesson foi ao ferro-velho do irmão, Devair, e manuseou o chamado “pó da morte”. Hoje ele trabalha como motorista do Uber e convive, além das lesões nas mãos, com o preconceito:
— Às vezes o passageiro me reconhece e pergunta se não tem perigo estar perto de mim dentro de um carro, com os vidros fechados e com o ar-condicionado ligado.
Também sofrem até hoje os efeitos da radiação ex-funcionários do Consórcio Rodoviário Intermunicipal (Crisa) que foram convocados para isolar e limpar as áreas contaminadas. Ex-motorista do Crisa, João de Barros Magalhães afirma que ele e seus colegas não sabiam da gravidade da situação:
— Interditaram a área com corda e jogaram areia no local, que foi coberto com uma lona de plástico. Para todos os que se envolveram, a história era essa: um vazamento de gás.
