Luta de mães pela guarda dos filhos sob lei islâmica é tema de debate no Senado
A Comissão de Relações Exteriores debateu a situação das Mães de Sharia, brasileiras que perderam a guarda dos filhos em nações de maioria muçulmana, onde vigora a lei islâmica. A Sharia prioriza a linhagem paterna em disputas de custódia. A audiência, que aconteceu a pedido da senadora Mara Gabrilli (PSD-SP), abordou a urgência do apoio consular para o retorno dessas crianças.

Transcrição
A Comissão de Relações Exteriores debateu a situação das mães de Sharia, mulheres que perderam o direito de guarda de seus filhos em países de maioria muçulmana, nos quais vigora, total ou parcialmente, a lei islâmica chamada Sharia. A Sharia é um sistema de orientação divina inspirado no Alcorão, utilizado pelos muçulmanos e que possui forte influência nas leis. No caso de disputas de custódia, a Sharia prioriza a linhagem paterna.
A história de Sarah Bonilha revela as dificuldades passadas pelas mães que buscam a guarda de seus filhos em países em que a Sharia está presente. Seus dois filhos, de 4 e 6 anos, brasileiros natos, foram forçados a ficarem em Damasco, na Síria, onde mora o genitor das crianças. Sarah chegou a ir para a Síria, mas foi agredida após pedir o divórcio. Seus filhos foram levados pela esposa do irmão do genitor. A mãe de Sharia reforçou a urgência de obter apoio consular para o retorno dos filhos de todas as mães que estão passando pelo mesmo problema.
(Sarah Bonilha): "Portanto, eu peço ajuda as mães de Sharia, que isso não é só apenas um caso de família, mas é um caso de resgate de cidadãos brasileiros. Nós exigimos intervenção decisiva do Estado e o imediato retorno dos meus filhos e das outras mães de Sharia"
A assessora jurídica e representante do Ministério das Mulheres, Karina Nathércia Lopes, afirmou que haverá conversas conjuntas com pastas do governo para que as situações das mães sejam analisadas.
(Karina Nathércia Lopes): "A gente sabe da crescente incidência de casos envolvendo mães brasileiras que perderam total ou parcialmente a guarda de seus filhos em países que aplicam a Sharia, o que revela um quadro de vulnerabilidade estrutural que demanda uma resposta institucional coordenada do Estado brasileiro."
A audiência foi realizada a pedido da senadora Mara Gabrilli, do PSD de São Paulo. Ela destacou a necessidade de discutir o assunto e trazer a justiça brasileira para perto dessas mães.
(Mara Gabrilli): "Queremos sensibilizar também as autoridades brasileiras e a sociedade para uma realidade que permanece totalmente invisibilizada, mas que impacta profundamente a vida de muitas mulheres e crianças brasileiras que hoje enfrentam dramas silenciosos fora do país."
Participaram também especialistas em direitos humanos, representantes do Ministério da Justiça, do Ministério das Relações Exteriores, de redes de apoio e outras mães de Sharia. Sob supervisão de Samara Sadeck, da Rádio Senado, Marina Dantas.

