Climatério e menopausa: especialistas defendem terapia hormonal no SUS — Rádio Senado
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Climatério e menopausa: especialistas defendem terapia hormonal no SUS

Especialistas ouvidos pela Comissão de Assuntos Sociais apontaram que há desconhecimento sobre hormônios e pouca atenção com as complicações de saúde surgidas a partir da menopausa. Mulheres na menopausa já representam 28% da população feminina do país. O início desse período, o climatério é considerado o momento ideal para a intervenção médica, conforme indicaram os convidados da audiência pública sobre a proposta (PL 3.933/2023) do senador Mecias de Jesus (Republicanos-RR), que prevê tratamento no Sistema Único de Saúde (SUS) para mulheres nessa etapa da vida.

16/10/2024, 19h33 - ATUALIZADO EM 16/10/2024, 19h33
Duração de áudio: 03:02
Foto: Saulo Cruz/Agência Senado

Transcrição
A TERAPIA HORMONAL DESDE O CLIMATÉRIO FOI DEFENDIDA POR ESPECIALISTAS QUE PARTICIPARAM DE UMA AUDIÊNCIA PÚBLICA SOBRE O PROJETO QUE PREVÊ TRATAMENTO NO SUS PARA MULHERES NA MENOPAUSA. ELES COBRARAM MAIS ATENÇÃO DA SAÚDE PÚBLICA PARA ESSA ETAPA DA VIDA FEMININA EM QUE JÁ ESTÃO INSERIDAS 28% DAS MULHERES BRASILEIRAS. REPÓRTER JANAÍNA ARAÚJO: O projeto que prevê tratamento no Sistema Único de Saúde para mulheres em climatério e na menopausa foi tema de audiência pública na Comissão de Assuntos Sociais. A senadora Teresa Leitão, do PT de Pernambuco, relatora da proposta no colegiado, solicitou o evento com apoio dos senadores e médicos Zenaide Maia, do PSD do Rio Grande do Norte, e Humberto Costa, do PT de Pernambuco. Idealizadora do Fórum Permanente de Defesa da Mulher Idosa, a médica ginecologista Socorro Morais considera que o país não tem políticas públicas de enfrentamento ao envelhecimento feminino. (Socorro Morais) "Como diz a pesquisadora Ana Amélia Camarano, do IPEA, as mulheres quando findam o seu ciclo reprodutivo, elas morrem para as políticas públicas. Nós carecemos de dados, parece que esse assunto verdadeiramente não interessa. O que nós temos são estimativas ainda de 2014 que em 2024 teríamos entre 29 a 30 milhões de mulheres no climatério, 28% da população feminina. Mulheres que estão na janela de oportunidade pra gente fazer intervenções e melhorar a qualidade desse envelhecimento." Na avaliação do especialista em ginecologia endócrina, Diogo Viana, adequar a reposição hormonal não é somente uma questão de sintomas, mas uma situação de prevenção de danos graves à saúde. (Diogo Viana) "Menopausa não é só fogacho, não é só perda de memória. São complicações relacionadas à saúde. O estradiol tem o papel de defesa celular. Quando a mulher começa a perder a produção de estradiol, ela tem lesões em quatro órgãos: osso, músculo, cérebro e coração. As complicações são infarto, perda de massa muscular, osteoporose e as complicações relacionadas à demência. Repor o estradiol não é só melhorar a qualidade de vida da mulher, é diminuir custo de internação pro sistema público de saúde. Mulheres depois da menopausa morrem mais de infarto do que homens, internam mais por conta de fratura." Também especialista em ginecologia endócrina, a médica Fabiane Berta alertou para o pouco acolhimento das pacientes e o desconhecimento de grande parte dos profissionais com as questões relacionadas à menopausa: (Fabiane Berta) "É muito mais fácil colocar a menopausa na caixinha de loucura: toma um remedinho, você tá esquecida, irritada. Talvez esses sintomas que você está sentindo sejam só ansiedade, talvez o risco cardiovascular passou longe. Não é melhor você ir num psiquiatra? Até quando nosso entendimento sobre uma terapia hormonal vai ser de alienação? Nós não fomos educadas. A menopausa nunca veio pra nós como uma adolescência e uma menstruação: usa esse absorvente, vai ser assim." O projeto de lei, que já foi aprovado na Comissão de Direitos Humanos, também institui a Semana Nacional de Conscientização para Mulheres na Menopausa. Manifestaram-se ainda na audiência pública sobre a proposta representantes dos ministérios das Mulheres e da Saúde e da Associação Menopausa Feliz. Da Rádio Senado, Janaína Araújo.

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