Jornalistas denunciam ataques em audiência na CDH. Senador vê responsabilidade do governo — Rádio Senado
Audiência pública

Jornalistas denunciam ataques em audiência na CDH. Senador vê responsabilidade do governo

A Comissão de Direitos Humanos discutiu nesta quarta-feira (15) "Os ataques à liberdade de imprensa e os riscos da atividade jornalística e da livre expressão no Brasil". Jornalistas relataram casos de ameaças e decorrência do exercício da profissão e o cerceamento da liberdade de imprensa. Para o senador Humberto Costa (PT-PE), o atual governo promove uma descredibilização permanente da imprensa, para instaurar um caos público que facilita a circulação de notícias falsas.

15/06/2022, 15h29 - ATUALIZADO EM 15/06/2022, 15h29
Duração de áudio: 04:00
Pedro França/Agência Senado

Transcrição
QUASE 70% DOS CASOS DE VIOLÊNCIA CONTRA JORNALISTAS FORAM PROVOCADOS POR AUTORIDADES PÚBLICAS, ESPECIALMENTE NA INTERNET. É O QUE AFIRMARAM OS PARTICIPANTES DA AUDIÊNCIA PÚBICA SOBRE ATAQUES À LIBERDADE DE IMPRENSA, PROMOVIDA PELA COMISSÃO DE DIREITOS HUMANOS NESTA QUARTA-FEIRA. A REPORTAGEM É DE MARCELLA CUNHA A Comissão de Direitos Humanos discutiu os ataques à liberdade de imprensa e os riscos da atividade jornalística no Brasil. Os palestrantes prestaram solidariedade às famílias pelo desaparecimento do jornalista britânico Dom Philips e do indigenista Bruno Pereira. Para a presidente da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo, Natália Mazotte, o episódio joga luz ao ambiente de insegurança que se instalou no país para comunicadores e defensores de direitos humanos.  A gente olha também para casos como imposição de sigilo às informações de interesse público, o que tem se tornado, inclusive, bem frequente neste atual Governo, a gente olha para tentativas de tirar sites de notícias do ar, casos de exposição de dados pessoais de repórteres, assédios moral e sexual, uso abusivo do poder estatal e tantas outras tentativas de intimidar ou calar jornalistas. Esses discursos estigmatizantes que vêm de autoridades públicas acabam incentivando ataques nesse ambiente digital. Segundo a Abraji, foram registrados 450 casos de violência contra jornalistas no ano passado. Destes, 69% foram provocados por autoridades estatais, especialmente no meio digital. Para o presidente da Comissão, e jornalista formado, senador Humberto Costa, do PT de Pernambuco, o atual governo tem utilizado mecanismos institucionais para diminuir a credibilidade da imprensa e impedir o acesso à informação. O que nós vemos permanentemente é um Chefe de Governo que promove uma descredibilização permanente da imprensa, dos jornalistas. É uma forma, inclusive, de promoção de um caos público que facilita a circulação e a crença das pessoas em notícias falsas e que também encoraja os apoiadores do Governo e do Presidente a eles próprios tomarem a iniciativa de agredir jornalistas. Para o colunista e escritor Jamil Chade, os ataques virtuais devem ser visto com a mesma gravidade de violências físicas ou verbais. Ele citou dados da Unesco, de que 40% dos jornalistas assassinados em todo o mundo tinham recebido apenas ataques virtuais meses antes de serem mortos. O fundador do Congresso em Foco, Sylvio Costa, lamentou as ameaças enviadas à sua quipe. Em especial, mensagens violentas recebidas após uma reportagem sobre uma escola paramilitar para crianças, em Brasília. Eu já tenho seus dados e os dados de toda a sua família. Viajarei até sua casa com a arma que estou enviando a foto em anexo. Tenho 200 balas, assim fazer a festa no se cafofo e provavlmente morrer em um belo confronto com a polícia depois de estuprar você e todas as crianças presentes. Esse é o texto de uma mensagem enviada para nossa redação. O procurador da República,, Enrico de Freitas apresentou dados do Conselho Nacional do Ministério Público que mostram que apenas metade dos casos de assassinato de jornalistas foi solucionada entre 1995 e 2018. Para ele, existe uma ineficiência na apuração e na punição desses crimes. A jornalista Patrícia Campos Melo cobrou mais segurança para os profissionais, especialmente durante a cobertura das eleições de outubro. Ela defendeu que é preciso garantir espaços físicos e digitais seguros para a prática profissional do jornalismo e o devido esclarecimento de casos de agressão. O Brasil caiu 4 posições no último Ranking Mundial de Liberdade de Imprensa, publicado anualmente pela ONG Repórteres sem Fronteiras. O país entrou na zona vermelha de sinalização, que indica uma situação considerada difícil para o exercício da profissão.  Da Rádio Senado, Marcella Cunha.

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