Ex-chanceler brasileiro explica o quadro de insegurança mundial na CRE
A Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional do Senado (CRE) debateu em audiência pública a insegurança internacional com o professor de direito internacional e ex-chanceler brasileiro, Celso Lafer. O ex-chanceler citou as tensões na Europa e a política do governo Donald Trump como exemplos que vêm agravando a instabilidade no mundo. Também mencionou a internet como forma de quebrar paradigmas. A senadora Ana Amélia (PP- RS) reconheceu a importância das redes digitais de computador e lembrou o papel revolucionário das redes sociais. A reportagem é de Floriano Filho, da Rádio Senado. Ouça o áudio com mais detalhes.
Transcrição
LOC: O PROFESSOR E EX-MINISTRO DE RELAÇÕES EXTERIORES, CELSO LAFER, DIZ QUE A INSEGURANÇA INTERNACIONAL VEM SENDO AGRAVADA POR AMEAÇAS AO MULTILATERALISMO.
LOC: O ASSUNTO FOI DEBATIDO NA COMISSÃO DE RELAÇÕES EXTERIORES NESTA SEGUNDA-FEIRA. REPÓRTER FLORIANO FILHO.
(Repórter) A insegurança internacional foi acirrada por novas políticas globais que tentam enfraquecer o multilateralismo. O assunto foi debatido em audiência pública na Comissão de Relações Exteriores com o professor de direito internacional e ex-chanceler brasileiro, Celso Lafer. Ele citou as tensões na Europa e a política do governo Donald Trump, que coloca os interesses dos Estados Unidos acima de todos os outros, como exemplos que vêm agravando a instabilidade no mundo. Lafer afirmou que o enfraquecimento de mecanismos de integração internacional, como o comércio, e a guerra comercial com a China, geram ainda mais questionamentos sobre o papel de instituições como a Organização Mundial do Comércio, a OMC.
(Celso Lafer) Uma das razões da diplomacia de combate do Trump à OMC está na avaliação de que o sistema multilateral de comércio não é mais capaz de absorver à luz dos interesses dos Estados Unidos a presença da China no âmbito da Organização.
(Repórter) Outra vertente cada vez mais visível da insegurança mundial tem sido, segundo Lafer, a globalização da violência pelo uso do terrorismo. Extremistas, inclusive com ligação a grupos mafiosos e ao narcotráfico, têm disputado espaços internacionais de comunicação política com os tradicionais atores estatais. A atuação desses novos agentes é potencializada pela internet, que quebra hierarquias e aproxima extremos culturais, amplificando tensões e questionamentos internacionais. Isto contribui para ações clandestinas que pretendem romper com a ordem mundial estabelecida, onde a desigualdade não é apenas financeira, mas também religiosa e cultural. A violência, que também gera as atuais crises migratórias, é vista pelos grupos extremistas como a solução para o confronto de ideias e comportamentos tão diferentes. A senadora Ana Amélia, do PP do Rio Grande do Sul, reconheceu a importância das redes digitais de computador e lembrou o papel revolucionário das redes sociais.
(Ana Amélia) O evangelho dos dias atuais (...) é determinado pelas mídias sociais. (...) Quando houve a primavera árabe se falou muito no impacto que essa rede social teve ao fomentar aquilo que aconteceu naqueles países.
(Repórter) Celso Lafer também afirmou que maior atenção às questões climáticas ajudaria a reduzir a insegurança internacional.