Corpo do ex-senador Ronaldo Cunha Lima foi enterrado no domingo — Rádio Senado

Corpo do ex-senador Ronaldo Cunha Lima foi enterrado no domingo

LOC: O CORPO DO EX-SENADOR PARAIBANO RONALDO CUNHA LIMA FOI ENTERRADO NESSE DOMINGO EM CAMPINA GRANDE, NA PARAÍBA. 

LOC: PAI DO SENADOR CÁSSIO CUNHA LIMA, ELE MORREU NO SÁBADO, AOS 76 ANOS, VÍTIMA DE CÂNCER. A REPORTAGEM É DE ADRIANO FARIA: 

TÉC: Nascido em Guarabira, na Paraíba, em 1936, Ronaldo José da Cunha Lima fez carreira política em Campina Grande, segunda maior cidade do estado. O primeiro cargo público foi o de vereador, em 1959. Na década de 60, exerceu dois mandatos de deputado estadual antes de ser eleito prefeito de Campina Grande, em 1969, ano em que teve o mandato cassado pela ditadura militar. Com a redemocratização, no início dos anos 80, ganhou novamente a eleição para a Prefeitura de Campina Grande e se elegeu governador da Paraíba, em 1990. Quatro anos depois, conquistou nas urnas uma cadeira no Senado, onde exerceu mandato entre 1995 e 2003. Como senador, fez parte da Mesa Diretora no cargo de Primeiro Secretário, de 1997 a 2001. Também foi vice-líder do PMDB e relatou matérias importantes, entre elas, a proposta de emenda constitucional que quebrou o monopólio estatal no setor de petróleo, em meados dos anos 90. Ronaldo Cunha Lima também foi reconhecido como poeta e escritor, chegando a assumir uma cadeira na Academia Paraibana de Letras. Admirador do poeta Augusto dos Anjos, também paraibano, Cunha Lima costumava usava a criatividade em seus discursos no plenário do Senado. Em novembro de 1998, por exemplo, ele fez um protesto bem humorado contra a invasão de palavras estrangeiras, principalmente do inglês, no vocabulário da língua portuguesa. 

(R CUNHA LIMA) A invasão de termos estrangeiros tem sido tão intensa que ninguém estranharia se eu fizesse aqui o seguinte relato do meu cotidiano: Fui ao freezer, abri uma coca diet; e saí cantarolando um jingle, enquanto ligava meu disc player para ouvir uma música new age. Precisava de um relax. Meu check up indicava stress. Dei um time e fui ler um bestseller no living do meu flat. Fui a seguir ao shopping Center. Voltei para casa ou, aliás, para o flat, pensando no day after, o que fazer? Dei boa noite ao meu chofer, que, com muito fair play, me respondeu: Good night. Obrigado aos senhores pela atenção. Bye, bye. 

(REPÓRTER) A vida de Ronaldo Cunha Lima também foi marcada por polêmicas. Em 1993, usando um revólver, disparou contra o ex-governador da Paraíba e adversário político Tarcísio Burity, que sobreviveu aos tiros e morreu dez anos depois por complicações cardíacas. Cunha Lima passou a ter problemas de saúde em 1999, quando sofreu um acidente vascular cerebral. Ele lutava contra um câncer de pulmão, diagnosticado no ano passado. Ronaldo Cunha Lima era advogado, formado pela Universidade Federal da Paraíba. Usou a veia poética também na profissão. Ficou famosa uma petição em versos que fez a um juiz para solicitar a devolução de um violão de um seresteiro. O instrumento havia sido apreendido pela polícia numa noite em meados dos anos 50. Escreveu o advogado Cunha Lima ao juiz da comarca de Campina Grande: 

(CUNHA LIMA) O instrumento do crime que se arrola / Neste processo de contravenção / Não é faca, revólver nem pistola / É simplesmente, doutor, um violão /// Libere o violão, Doutor Juiz / Em nome da Justiça e do Direito / É crime, porventura, o infeliz / Cantar as mágoas que lhe enchem o peito? 

(REPÓRTER) O juiz Roberto Pessoa de Sousa também usou a poesia para responder ao pedido do jovem advogado: 

(JUIZ) Recebo a petição escrita em verso / E, despachando-a, sem autuação / Verbero o ato vil, rude perverso / Que prende, no Cartório, um violão /// Se grato for, acaso ao que lhe fiz / Noite de luz, plena madrugada / Venha tocar à porta do juiz. 

(REPÓRTER) E o juiz, assim, concedeu o que ficou conhecido como “habeas pinho”, para a
09/07/2012, 01h13 - ATUALIZADO EM 09/07/2012, 01h13
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