CPI encontra estrutura de atendimento às mulheres sucateada em Alagoas — Rádio Senado

CPI encontra estrutura de atendimento às mulheres sucateada em Alagoas

LOC: A CPI MISTA DA VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER ENCONTROU, EM ALAGOAS, UMA ESTRUTURA DE ATENDIMENTO ÀS VÍTIMAS DE VIOLÊNCIA SUCATEADA.
 
LOC: DEPUTADAS E SENADORAS VISITARAM, DURANTE DOIS DIAS, INSTITUIÇÕES E ÓRGÃOS RESPONSÁVEIS POR CUIDAR DE MULHERES AGREDIDAS. O REPÓRTER ROBERTO FRAGOSO ACOMPANHOU A DILIGÊNCIA, EM MACEIÓ, E TEM AS INFORMAÇÕES.

(Diana Oliveira Pimentel) Eu não clamo por segurança, eu clamo por justiça. Porque infelizmente eu não confio mais na sergurança, porque a minha irmã foi vitimada dentro de casa por alguém que deveria ser o guardador da sua segurança e da sua vida, um policial militar do Estado de Alagoas. Cabo José Cabral do Nascimento, seu marido.
 
(Repórter) Esse foi o relato de Diana Oliveira Pimentel, de Arapiraca, Alagoas, sobre o assassinato de sua irmã, em agosto de 2011, à CPI Mista da Violência contra a Mulher. O caso ganhou visibilidade porque foi brutal; o cabo da PM ateou fogo na casa depois de estrangular a mulher, a professora Claudenice Pimentel, e a filha dela, de 14 anos, que sobreviveu por pouco, com 20% do corpo queimado. O caso não é isolado: Arapiraca é a quarta cidade em todo o Brasil em número de homicídios de mulheres; e Alagoas, o segundo estado, atrás apenas do Espírito Santo. No entanto, a estrutura de proteção às mulheres vítimas de violência não condiz com a alta incidência do crime, de acordo com a presidente da CPI, deputada Jô Moraes, do PCdoB de Minas Gerais.
(Jô Moraes) Nós estamos verificando que o número de equipamentos disponível é infinitamente menor do que o volume das necessidades, o nível e a disponibilidade de pessoal ainda também é bem inferior.

(Repórter) Autoridades do estado disseram que o cenário é de falta histórica de recursos e de pessoal. A área policial não tem concurso público há onze anos; o Ministério Público, há 16. A relatora da Comissão Parlamentar de Inquérito, senadora Ana Rita, do PT do Espírito Santo, acredita que os homicídios são resultado direto da longa omissão do Estado.
 
(Ana Rita) Nos estamos vendo que são mortes anunciadas. As mulheres que são assassinadas, muitas delas, uma boa parte, são aquelas que já procuraram o apoio do poder público, esse apoio muitas vezes ele chega com muito atraso, com muitas dificuldades, e as mulheres acabam sendo assassinada porque não encontra a proteção necessária na hora certa.

(Repórter) Ana Rita elogiou, no entanto, iniciativas positivas, como a criação da primeira Secretaria estadual de Políticas para as Mulheres, um projeto piloto de enfrentamento à violência, o atendimento nos centros de referência, e o anúncio do fim da participação da Delegacia da Mulher nos plantões da delegacia comum, que até agora deixa o atendimento às vítimas fechado um dia e meio por semana. A CPI vai reunir todas as denúncias apresentadas em Alagoas e cobrar das autoridades responsáveis pelas investigações o andamento dos processos, até mesmo com a convocação para depor na comissão, se for necessário.
01/06/2012, 06h40 - ATUALIZADO EM 01/06/2012, 06h40
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