Especialistas defendem que Senado reveja acordo em vigor — Rádio Senado

Especialistas defendem que Senado reveja acordo em vigor

LOC: ESPECIALISTAS EM LÍNGUA PORTUGUESA DEFENDEM QUE O SENADO REVEJA O NOVO ACORDO ORTOGRÁFICO JÁ EM VIGOR. 

LOC: OS INTEGRANTES DA COMISSÃO DE EDUCAÇÃO QUEREM CRIAR UM COLEGIADO PARA TRATAR DO ASSUNTO. A REPORTAGEM É DE HÉRICA CHRSTIAN. 

(Repórter) A partir de janeiro de 2013, o novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa estará em plena vigência. Mas se depender de especialistas, o Brasil deveria adiar a validade das novas regras de escrita. O professor e consultor de Língua Portuguesa, Pasquale Neto, criticou o Acordo por não ter contado com a contribuição de quem trabalha diariamente com o idioma, como os professores. Ele chamou atenção para os gastos públicos com a troca de material didático, embora as novas regras ortográficas ainda estejam confusas. Já o professor e idealizador do Movimento Acordar Melhor, Ernani Pimentel, revelou que nem mesmo os professores de Português conhecem o novo Acordo. Ele argumentou que as regras não seguem uma lógica e ainda possuem muitas exceções, o que obriga a todos fazerem consultas constantemente. Ernani Pimentel fez um apelo para que os senadores façam algo para adiar a vigência do novo Acordo. 

(Ernani Pimentel) É importante que o Congresso se manifeste. Para ele se manifestar, ele pode adiar o prazo de entrada final do Acordo em vigência. Quando for analisar e estudar vai perceber que são tantas incoerências que fica muito caro para todos os países adotarem um sistema ortográfico desse jeito. 

(Repórter) A senadora Ana Amélia do PP gaúcho estranhou o fato de autoridades de Portugal orientarem a população a ignorar o Acordo. 

(Ana Amélia) Se a pátria mãe da Língua Portuguesa está com dificuldade de aplicar esse Acordo é um sinal de que ele não está servindo a nenhum lado. Então é preciso que façamos uma discussão e o Senado assuma a responsabilidade de maneira a um entendimento melhor para essa confusão não acabar prejudicando as editoras e não significar mais gastos sem necessidade do Poder Público. (Repórter) O senador Paulo Bauer do PSDB de Santa Catarina também defende a atuação do Senado nesse debate. 

(Paulo Bauer) Quem sabe criando uma subcomissão dentro da Comissão de Educação. Quem sabe fazendo com que o Senado convoque as forças e a inteligência brasileira para discutir essa matéria de forma mais técnica e mais precisa. Talvez buscando manter o Acordo ou aprimorá-lo, o que acho que é possível fazer, mesmo que leve o tempo que precise levar. 

(Repórter) Ainda na audiência pública, os dois professores mencionaram o fato de Angola e Moçambique não terem aderido ao novo Acordo, que inclui outras seis nações. O chefe da Divisão de Promoção da Língua Portuguesa do Itamaraty, Gustavo Guimarães, preferiu minimizar essas objeções ao ressaltar que o objetivo do Acordo é fortalecer a língua portuguesa. 

(Gustavo Guimarães) Essas vozes favoráveis e contrárias ao Acordo se encontram em todos os países. Essa Reforma se impõe apesar das dificuldades e que certamente vão suscitar uma reforma mais abrangente e profunda e com os países mais sintonizados. 

(Repórter) Além do Brasil e Portugal, aderiram ao novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa Cabo Verde, Guiné Bissau, Timor Leste e São Tomé e Príncipe.
04/04/2012, 07h02 - ATUALIZADO EM 04/04/2012, 07h02
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