CRE discute levantes populares no Egito e na Líbia — Rádio Senado

CRE discute levantes populares no Egito e na Líbia

LOC: EGITO E LÍBIA ESTIVERAM NO CENTRO DO DEBATE DA COMISSÃO DE RELAÇÕES EXTERIORES NESTA SEGUNDA-FEIRA. 

LOC: ESPECIALISTAS DESTACARAM QUE OS LEVANTES POPULARES NOS DOIS PAÍSES TIVERAM CAUSAS E DESDOBRAMENTOS BEM DIFERENTES. O REPÓRTER NILO BAIRROS TRAZ OS DETALHES:  

REP: Na opinião do diretor de Assuntos Internacionais do Superior Tribunal de Justiça, Hussein Ali Kalout, a convulsão que resultou na derrubada de Muamar Kadaffi da Presidência da Líbia foi alimentada por fatores como a antipatia de outros países árabes à figura de Kaddafi e a fragilidade do exército líbio. O professor usou o exemplo para diferenciar os cenários de Egito e Líbia, atingidos pela Primavera Árabe, que marcou 2011. Ao falar dos desafios da Líbia, um país cortado por várias tribos, Hussein Ali Kalout lembrou que o país foi atingido por uma revolta que nasceu de fora para dentro e mostrou preocupação com o futuro: Hussein Ali Kalout - Se não houver um engajamento efetivo da comunidade internacional para equalizar esses problemas, a Líbia caminha para um modelo de divisão talvez um modelo federalista ou confederalista, portanto eu vejo de forma preocupante o cenário na Líbia. Rep: os motivos que levaram países europeus a apoiar, inclusive financeiramente, a intervenção militar na Líbia também foram questionados. E o próprio presidente da Comissão, senador Fernando Collor, do PTB de Alagoas, elogiou a posição do Brasil, que na época se absteve de votar a resolução que permitia a ação estrangeira naquele país: 

Collor – o Brasil teve uma posição de muita prudência de não se permitir que questões como essas que estamos vivendo até hoje, sejam, resolvidas na base de interferência direta, por meio de armas, em países que estão praticando um flagrante desrespeito aos direitos humanos. Já o Egito, na opinião dos especialistas, seguiu outro caminho, em boa parte pela posição estratégica que ocupa. Eles destacaram o poderio militar do país e a complexidade do quadro partidário. O Egito ainda não completou seu processo eleitoral e desde a queda de Hosni Mubarak vive sob intervenção militar. Mas os especialistas reconhecem que as dificuldades do Egito são bem maiores, causadas principalmente pela exclusão e pobreza que cresceram junto com o desgaste de um regime há trinta anos no poder. Para o professor Mohamed Habib, vice-presidente do Instituto de Cultura Árabe, o presidente deposto, Hosni Mubarak, tem boa parte da culpa: 

Mohamed Habib - acabou com um país rico. O Egito nunca foi um país pobre. O Egito tem petróleo, o canal de Suez, a agricultura, indústria, não era para ter 42% da população abaixo da linha da pobreza. Rep: Participaram também da audiência o coordenador do Núcleo de Estudos do Oriente Médio da Universidade Federal Fluminense, Paulo Gabriel da Rocha Pinto, e o professor de Direito Internacional da Fundação Getúlio Vargas, Salem Nasser.
27/03/2012, 08h30 - ATUALIZADO EM 27/03/2012, 08h30
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