Senadores voltam a debater extradição do italiano
LOC: O CASO DO ATIVISTA CESARE BATTISTI MERECEU MAIS UMA VEZ A ATENÇÃO DOS SENADORES DURANTE A SESSÃO PLENÁRIA DESTA QUINTA-FEIRA.
LOC: O SENADOR EDUARDO SUPLCY, DO PT DE SÃO PAULO, LEU UMA CARTA ENVIADA PELO ITALIANO, NA QUAL ELE REAFIRMA SER INOCENTE.
LOC: JÁ O SENADOR DEMÓSTENES TORRES, DO DEMOCRATAS DE GOIÁS, VOLTOU A PEDIR A EXTRADIÇÃO DE CESARE BATTISTI.
Na carta, escrita a mão, Cesare Battisti afirma que na década de setenta participou de inúmeros protestos na Itália, mas que nunca provocou a morte de qualquer pessoa. Battisti também diz que no julgamento onde foi condenado à prisão perpétua, não teve oportunidade de se defender. A carta foi lida durante a sessão desta quinta-feira pelo senador Eduardo Suplicy, do PT de São Paulo, que esteve com Battisti no presídio da Papuda, onde o ex-ativista está preso desde 2007. Após a leitura da carta, o senador Suplicy afirmou que Battisti poderia vir ao Congresso explicar a sua situação aos parlamentares. (SUPLICY) Se quiserem chamar aqui Cesare Battisti para explicar, na comissão de Constituição e Justiça, se ele cometeu qualquer dos quatro assassinatos eu estou convencido de que se vossas excelências quiserem ouvi-lo, acabarão convencidos como eu fiquei, depois de tanto dialogar com ele. Como disse o primeiro¿ministro Silvio Berlusconi, o caso Battisti não vai afetar as extraordinárias relações de amizade, comerciais e econômicas. (PAULA) O senador Demóstenes Torres, do Democratas de Goiás, no entanto, acha que o Congresso não deve ouvir o ex-ativista, pois o caso já foi decidido pela justiça italiana. (DEMÓSTENES) A justiça brasileira não tem qualquer competência pra rever decisão tomada em país democrático ou em qualquer outro país. É bom lembrar que ele foi julgado à revelia com amplo direito de defesa. Está condenado à prisão perpétua porque ele é um assassino. Ele matou quatro pessoas e colocou outra em incapacidade permanente. Isso não sou eu que estou dizendo. Isso é uma condenação. (PAULA) Aqui no Brasil, a extradição de Cesare Battisti foi analisada pelo Supremo Tribunal Federal, no ano de 2009. A Corte autorizou a extradição, mas decidiu que a palavra final caberia ao Presidente da República. No último dia de seu mandato, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva decidiu manter o italiano no Brasil, seguindo um parecer da Advocacia Geral da União. O caso voltou ao STF, que vai analisar agora se a decisão do ex-presidente está de acordo com o tratado de extradição Brasil-Itália. O relator da matéria é o ministro Gilmar Mendes.