CPI ouve dirigente de clube goiano que denunciou manipulação de jogos

Da Agência Senado | 01/08/2024, 16h46

A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Manipulação de Jogos e Apostas Esportivas reúne-se na quarta-feira (7), às 14h, para tomada de três depoimentos. Entre eles, o do presidente do Vila Nova Futebol Clube, o major Hugo Jorge Bravo. Ele foi o primeiro dirigente esportivo a denunciar as suspeitas de manipulação de resultados de partidas. Depois de ouvir que um jogador foi aliciado e estava sendo ameaçado por apostadores, Bravo reuniu provas, que foram apresentadas ao Ministério Público de Goiás (MP-GO).

A Operação Penalidade Máxima, do MP goiano, teve início no final de 2022, após a denúncia de que o volante Marcos Vinicius Alves Barreira (conhecido como Romário), então jogador do Vila Nova (GO), teria aceitado uma oferta de R$ 150 mil para cometer um pênalti no jogo contra o Sport, pela Série B do Campeonato Brasileiro. Ele teria recebido um sinal de R$ 10 mil e receberia os outros R$ 140 mil após a partida, com o pênalti cometido. O presidente do Vila Nova procurou identificar as pessoas envolvidas e iniciou um trabalho de produção de provas para levar o MP a investigar o grupo criminoso, acusado de oferecer dinheiro para jogadores de futebol receberem punições em campo. Os integrantes do alegado esquema lucrariam em sites de apostas esportivas. Bravo foi convidado a depor em requerimento apresentado pelo senador Jorge Kajuru (PSB-GO), que preside a CPI (REQ 21/2024).

Padrões de integridade

Por meio de videoconferência, a comissão também ouvirá o presidente da SIGA Latin America, Emanuel Medeiros, que falará sobre a experiência global da entidade na certificação independente em padrões de integridade no esporte. A entidade possui parcerias com a União das Associações Europeias de Futebol (Uefa) e com a Liga Portugal. No Brasil, a empresa é parceira da Federação Paulista de Futebol.

Recentemente, a SIGA assinou acordo de cooperação com a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) para a implementação do Sistema Independente de Rating e Verificação da SIGA (SIRVS). A parceria inclui também a partilha de conhecimentos e a implantação de melhores práticas de governança para a integridade das apostas esportivas. Relator da CPI, o senador Romário (PL-RJ) é autor do convite para Medeiros depor na comissão (REQ 44/2024).

Bancas de apostas

A comissão ouvirá ainda o presidente do Conselho Administrativo da Santa Casa Global Brasil, Ricardo Gonçalves. Ele foi convocado para esclarecer denúncias e informações divulgadas pelas imprensas portuguesa e brasileira, especificamente pelo jornal Expresso e pela revista Piauí. De acordo com esses veículos de comunicação, a filial brasileira da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, que opera loterias e bancas de apostas em Portugal, possui uma dívida de aproximadamente R$ 200 mil com o Primeiro Comando da Capital (PCC), a maior organização criminosa do Brasil.

Essa dívida estaria relacionada a operações da Santa Casa em São Paulo, onde a instituição tentava estabelecer uma concessão de loterias estaduais. Documentos internos da Santa Casa revelaram que a organização foi extorquida pelo PCC, resultando na mencionada dívida. Ainda que uma auditoria interna da Santa Casa Global não tenha citado essa dívida especificamente, outras irregularidades foram denunciadas ao Ministério Público português.

Gonçalves foi convocado a depor na comissão por meio de requerimento (REQ 81/2024) apresentado pelo senador Carlos Portinho (PL-RJ).

A reunião da CPI será na sala 2 da Ala Senador Nilo Coelho.

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)