Senadores lamentam mortes de Francisco Dornelles e de Eduardo Barbosa

Da Agência Senado | 23/08/2023, 19h39

Morreu nesta quarta-feira (23), aos 88 anos, o ex-senador Francisco Dornelles. Ele era presidente de honra do PP e nos últimos dias estava internado em um hospital do Rio de Janeiro (RJ). Além de senador (2007-2014), Francisco Oswaldo Neves Dornelles foi deputado federal, governador do Rio de Janeiro, secretário da Receita Federal e ministro da Fazenda. Dornelles nasceu em Belo Horizonte (MG), em 1935. De família de políticos, ele era sobrinho de Tancredo Neves e primo do ex-senador e hoje deputado federal Aécio Neves (PSDB-MG).

No Plenário, vários senadores lamentaram a morte de Dornelles. O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, disse que foi com pesar que recebeu a notícia da morte do ex-senador. Segundo Pacheco, sua partida deixa um grande vazio na política. Ele disse que Dornelles dedicou grande parte da sua vida à causa pública e teve atuação brilhante em vários cargos. Pacheco definiu como “marcante” a atuação de Dornelles na Constituinte que produziu a Carta Magna de 1988. Na visão do presidente, a honradez e a ética foram traços do exercício de seu mandato como senador.

— Ele foi um defensor incansável da democracia. Sua trajetória política foi marcada pela capacidade de diálogo e por sua incansável luta em favor do povo brasileiro. Que seu legado inspire a nova geração de políticos — declarou Pacheco, ao propor um minuto de silêncio no Plenário em homenagem ao ex-senador.

Os senadores Rogério Marinho (PL-RN), Nelsinho Trad (PSD-MS) e Astronauta Marcos Pontes (PL-SP) também lamentaram a morte do ex-senador e manifestaram solidariedade com os familiares e com os amigos. O senador Esperidião Amin (PP-SC) definiu Dornelles como um “grande companheiro e um grande brasileiro que honrou o Congresso brasileiro e o serviço público do Brasil”. Ele ainda destacou a “atuação altaneira” de Dornelles no serviço público.

— Eu me considero um de seus alunos. Ele foi um exemplo de cidadania e de vida pública competente— registrou Esperidião Amin.

O senador Carlos Portinho (PL-RJ) disse se tratar de um dia triste. Ele lembrou as realizações políticas de Dornelles e disse que fica a memória de um homem probo e de um político competente. Emocionado, Portinho disse que vai guardar na memória os ensinamentos de Dornelles. Portinho ainda afirmou que o Rio de Janeiro e o Brasil perdem um dos seus “ícones da política,”. Segundo o senador, Dornelles alcançou a unanimidade e tem o seu lugar eterno na História do Brasil.

Pela rede social X (ex-Twitter), vários senadores também prestaram homenagens a Dornelles. O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) disse que “Francisco Dornelles teve uma vida dedicada à arte da política, até nos deixar hoje, aos 88 anos”. O senador manifestou sua “solidariedade aos familiares e amigos” e lembrou que Dornelles foi presidente de honra do PP.  O senador Plínio Valério (PSDB-AM) disse que a morte de Dornelles representa uma "perda importante para a política brasileira" e o senador Eduardo Braga (MDB-AM) registrou seus sentimentos aos familiares.

Ao manifestar solidariedade aos amigos e familiares de Dornelles, o senador Romário (PL-RJ) afirmou que "o Rio de Janeiro se despede hoje do ex-governador e ex-senador da República, Francisco Dornelles”. O senador lembrou que Dornelles, formado em direito e finanças públicas, “atuou vividamente em defesa dos interesses do estado fluminense em Brasília” e também trabalhou “na esfera federal como ministro de estado da Fazenda, da Indústria e Comércio e do Trabalho”.

 Trajetória

Francisco Dornelles tinha 88 anos e foi secretário da Receita Federal, ministro, deputado federal por cinco vezes seguidas, senador, governador do Rio de Janeiro e presidente de honra do Progressistas (PP). Nasceu em Belo Horizonte (MG), em 07 de janeiro de 1935. Por parte de pai, era primo de segundo grau do ex-presidente Getúlio Vargas. Pelo lado da mãe, sobrinho dos ex-presidentes Tancredo Neves e Castelo Branco, além de ter como tio Ernesto Dornelles, que foi senador e governador do Rio Grande do Sul.

Professor e servidor público por profissão, fez curso técnico em contabilidade, graduação em direito e mestrado e doutorado em direito financeiro – os três últimos na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Também fez especialização em tributação internacional na Universidade de Harvard, nos EUA, e pós-graduação em finanças públicas na Universidade de Nancy, na França.

Dornelles desempenhou diversos cargos e funções no serviço público, tornando-se secretário da Receita Federal em 1979, cargo em que permaneceu por seis anos. Foi sob sua administração na Receita Federal que foi criado o símbolo do leão como imagem representativa do Imposto de Renda e da Instituição – logo utilizada até hoje.

Foi ministro da Fazenda em 1985 para uma breve gestão devido ao falecimento do tio e presidente Tancredo Neves, que o designara para a pasta. Mais tarde, seria ainda ministro do Trabalho e ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, ambos no governo de Fernando Henrique Cardoso (1995-2002).

Pelo Rio de Janeiro, foi um dos deputados federais constituintes e continuou no cargo por mais cinco mandatos, entre 1987 e 2007. Já pelo PP, foi senador entre 2007 e 2014. Na Casa, foi autor de 41 projetos de lei do Senado (PLS) e signatário de 70 propostas de emenda à Constituição (PEC). Renunciou ao fim do mandato, para assumir como vice-governador do Rio de Janeiro na chapa de Luiz Fernando Pezão (PMDB).

No Rio de Janeiro, foi governador interino por sete meses durante a licença médica de Pezão e depois definitivamente após a prisão do mandatário fluminense em 2018 pela Operação Lava Jato, quando teve a missão de conduzir o governo estadual pelos 32 dias de mandato que restavam.

 Abuso

Em 2019, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) entendeu que Pezão e Dornelles cometeram abuso de poder econômico nas eleições de 2014 e os tornou inelegíveis até 2022. O pleito de 2020 foi, assim, o primeiro em mais de duas décadas a transcorrer sem que Dornelles estivesse ocupando um posto político ou participando enquanto candidato. Nos últimos anos, portanto, ficou afastado da vida pública.

Em 2022, o ex-governador ganhou uma biografia chamada "O poder sem pompa”, escrita pela jornalista Cecília Costa. O livro relembra, a partir de depoimentos do próprio personagem, passagens da trajetória de Dornelles.

 Eduardo Barbosa

Pacheco também lamentou a morte do ex-deputado Eduardo Barbosa (PSDB-MG). Para Pacheco, trata-se de uma perda irreparável para a família, para os amigos e para o estado de Minas Gerais. Eduardo Barbosa morreu em Brasília, nesta quarta-feira (23), aos 64 anos. Ele estava internado com problemas cardíacos.  

Pacheco destacou a dedicação e a liderança de Barbosa, a quem definiu como figura exemplar e dedicado à causa pública. O presidente lembrou que o ex-deputado nasceu em Pará de Minas, onde iniciou sua carreira como médico. Depois, entrou para a política e foi deputado por quatro mandatos, entre 1995 e 2022. Além de secretário do estado de Minas em pastas sociais, Barbosa também foi defensor dos direitos das pessoas com deficiência. Era considerado o pai das Apaes [grupo das associações de Pais e Amigos dos Excepcionais], por sua luta pelos direitos das pessoas com deficiência.

— Sua atuação na política sempre foi pautada na ética, na transparência e no empenho pela construção de um Estado mais justo e solidário. Minas Gerais perde um político dedicado e um ser humano íntegro. Seu legado de realizações ficará entre nós— afirmou Pacheco.

Os senadores Dr. Hiran (PP-RR) e Sergio Moro (União-PR) também manifestaram solidariedade com as famílias dos enlutados. Moro lembrou que a sua esposa, a deputada Rosângela Moro (União-SP), acompanhou o ex-deputado Eduardo Barbosa em projetos ligados às Apaes. Para o senador Izalci Lucas (PSDB-DF), as causas sociais perdem um grande nome.

— Tenho certeza de que ele será muito bem acolhido na vida eterna — declarou Izalci.

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)