Aprovado pela CRE, indicado para Israel quer diversificar pauta exportadora

Da Agência Senado | 18/05/2023, 15h18

Por 13 votos a 2, a Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CRE) aprovou nesta quinta-feira (18) a indicação do diplomata Frederico Salomão Duque Estrada Meyer para o cargo de embaixador do Brasil em Israel. A mensagem de indicação (MSF 17/2023) recebeu voto favorável do relator, senador Fernando Dueire (MDB-PE), e agora será encaminhada para votação no Plenário do Senado.

Após falar do histórico das relações bilaterais e da contribuição do povo judeu à formação do Brasil, o indicado lembrou que as exportações brasileiras para Israel alcançaram a cifra recorde de US$ 1,9 bilhão em 2022, aumento de mais de 200% em relação ao ano anterior. As vendas são principalmente de produtos agrícolas, como carne bovina, milho, soja e café, além de petróleo.

O incremento das exportações e a diversificação da pauta exportadora, com prioridade para os produtos com maior valor agregado, são alguns dos objetivos que o diplomata incluiu no plano de trabalho que será colocado em prática caso a indicação seja aprovada.

— Pretendo atuar para ampliar a lista de desgravação tarifária  [diminuição das progressiva de tarifas] para produtos de interesse brasileiro ao abrigo do Acordo de Livre Comércio Mercosul-Israel. Pretendo também atuar para promover mais investimentos israelenses no setor de fertilizantes e, assim, reduzir nossa dependência externa. Quero, ainda, estimular empresas de alta tecnologia a ampliarem seus negócios e investimentos no Brasil — disse Meyer.

Natural do Rio de Janeiro, Frederico Meyer tem 70 anos. Começou a carreira diplomática em 1978 e já foi embaixador do Brasil no Cazaquistão, de 2006 a 2011 e no Marrocos, de 2011 a 2015. Também serviu nas missões diplomáticas brasileiras no Iraque, na Rússia, na Suíça, em Cuba, na Guiana e junto às Nações Unidas.

Paz

No seu relatório, Fernando Dueire lembrou alguns episódios da relação entre os dois países, como a atuação decisiva do diplomata brasileiro Oswaldo Aranha durante a sessão da Assembleia Geral das Nações Unidas que aprovou o plano de partilha da Palestina, em 1947, levando à criação do Estado de Israel no ano seguinte.

— O Brasil foi um dos primeiros países do mundo a reconhecer o Estado de Israel. Nossa ligação diplomática em Tel Aviv foi estabelecida em 1951. No mesmo ano, foi inaugurada a embaixada israelense no Rio de Janeiro. As relações bilaterais caracterizam-se pela amizade, cordialidade e pela busca de construção de uma agenda permanente bilateral positiva — destacou.

Antes de encerrar sua fala, o indicado ao cargo de embaixador fez um apelo pela volta das negociações de paz entre Israel e a Palestina. Para ele, a mera gestão do conflito não é uma alternativa viável para o encaminhamento da questão.

Meyer também respondeu a um questionamento do senador Carlos Viana (Podemos-MG), integrante da Frente Parlamentar Brasil Israel, sobre a capital israelense.

Para Israel, toda a cidade de Jerusalém pertence a Israel e é a sua capital. Já a maior parte da comunidade internacional — inclusive a ONU — não reconhece Jurusalém como a capital de Israel. As embaixadas junto ao governo israelense, incluindo a brasileira, estão geralmente situadas em Tel Aviv.

— O que o Brasil faz é normalmente seguir o direito internacional, quer dizer, não cabe a nós dizer qual é a capital. A capital, segundo a ONU, segundo as decisões da ONU, são as partes que devem negociar e decidir. E essa é a nossa posição. Não poderia ser outra. Nessa questão e em outras questões internacionais, o que nós fazemos é seguir as Nações Unidas — esclareceu.

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)