Início da vacinação de crianças contra covid-19 repercute entre os senadores

Aline Guedes | 17/01/2022, 15h46

Senadores usaram as redes sociais para celebrar o início da vacinação de crianças com idades entre 5 e 11 anos contra a covid-19 no Brasil. O país recebeu neste domingo (16) 1,2 milhão de doses da vacina Pfizer, cuja entrega, prevista para 20 de janeiro, foi antecipada. Três capitais (Brasília, Campo Grande e João Pessoa) começaram a vacinação no mesmo dia. Pelo menos outras dez dão início à imunização desse público nesta segunda-feira (17): São Paulo, Rio de Janeiro, Curitiba, Maceió, Goiânia, Manaus, Belém, Rio Branco, Macapá e Porto Velho. Cuiabá e Teresina farão somente pré-cadastro por enquanto.  

O senador Álvaro Dias (Podemos-PR) escreveu que “mais de 7.500 brasileirinhos receberam a primeira dose”. E que os municípios seguirão recomendação do Ministério da Saúde, começando o calendário pelos grupos prioritários: crianças com deficiência permanente e comorbidades e indígenas e quilombolas.  

Marco para a ciência

Também comemoraram a notícia parlamentares como Kátia Abreu (PP-TO), Paulo Rocha (PT-PA), Omar Aziz (PSD-AM) e Rose de Freitas (MDB-ES). Álvaro Dias e Humberto Costa (PT-PE) comentaram que a imunização das crianças é aprovada por 79% dos brasileiros, segundo pesquisa Datafolha divulgada na noite de domingo. Para Humberto, o começo da imunização das crianças é “um grande marco a favor da ciência e contra o negacionismo”. 

Mencionando a mesma pesquisa, o senador Rogério Carvalho (PT-SE) afirmou que a maioria dos entrevistados concorda que o presidente Jair Bolsonaro atrapalha a vacinação no país.  

Já o senador Eduardo Girão (Podemos-CE) defendeu prudência sobre a medida e observou que cabe aos pais a decisão quanto a vacinar as crianças ou não. O parlamentar concordou com manifestação da Advocacia-Geral da União (AGU) contrária à obrigatoriedade da imunização dos pequenos. 

“Em muitas cidades brasileiras, como em Fortaleza, a vacinação de crianças começou. Como pai de duas filhas pequenas, adotarei a cautela nesse momento e concordo com a decisão da AGU. Cabe à família optar ou não”, escreveu.  

Autorização dos responsáveis

A primeira remessa de vacinas para o público infantil, também composta por 1,2 milhão de doses, pousou no Brasil na quinta-feira (13) e já foi distribuída aos estados e ao Distrito Federal. O Ministério da Saúde observa que a imunização das crianças depende de autorização dos pais. No caso da presença dos responsáveis, fica dispensado o termo por escrito. A orientação da pasta é que os adultos procurem a liberação prévia de um médico antes da vacinação, mas não é exigida prescrição médica. Outra recomendação é acessar os sites das respectivas secretarias de Saúde para saber se é preciso efetuar cadastro antecipado e quais são os pontos de vacinação.  

De acordo com a orientação do ministério, a vacinação infantil ocorrerá: 

  • Em ordem decrescente de idade (das crianças mais velhas para as mais novas), com prioridade para quem tem comorbidades ou deficiências permanentes e para crianças quilombolas e indígenas;
  • Sem necessidade de autorização por escrito, desde que pai, mãe ou responsável acompanhe a criança no momento da vacinação;
  • Com intervalo de oito semanas — um prazo maior que o previsto na bula, de três semanas.  

Especialista

Chefe do Serviço Médico de Emergência do Senado e responsável pela coordenação das campanhas de vacinação da Casa, Jálisson Santos Cavalcante explicou que as vacinas aplicadas em pessoas acima de 12 anos e nas crianças com idades de até 11 têm dosagem e composição diferentes. A formulação do imunizante para crianças, segundo ele, é para aplicação em duas doses de 0,2 ml (equivalente a 10 microgramas), com pelo menos 21 dias de intervalo. 

— Para evitar confusões, o imunizante leva uma tampa laranja, diferentemente da versão para adultos, que tem um fecho azul — explicou em entrevista à Agência Senado. 

O governo reforça ainda que as vacinas devem ser aplicadas segundo as recomendações da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), que atestou a segurança dos imunizantes: salas de vacinação exclusivas para crianças, vacinadores exclusivos e um período de 20 minutos para observar possíveis reações adversas. O esquema vacinal delas é composto por duas doses, com intervalo de oito semanas entre a primeira e a segunda.

Segurança

Em carta publicada em dezembro, a Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), a Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI) e a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) consideraram que os benefícios da imunização infantil contra covid-19 superam os riscos. A publicação alerta que a carga da doença em crianças é relevante, o que torna alta a taxa de mortalidade em pessoas na faixa entre os 5 e os 11 anos. E que a vacina nesse público demonstrou eficácia de 90,7% pelo menos sete dias após a segunda dose, e em um período de aproximadamente três meses. 

As entidades observam ainda que, nos Estados Unidos, já foram aplicadas mais de 5 milhões de doses da vacina contra a infecção em crianças, com segurança.  

“Não foram observados eventos adversos graves associados à vacinação. A empresa [Pfizer] forneceu à Anvisa uma base de dados de segurança, cada uma com aproximadamente 1.500 crianças vacinadas, sem identificar eventos adversos graves. Faz-se importante destacar que o tamanho amostral é limitado — cerca de 2.500 voluntários acompanhados — e o tempo de seguimento relativamente curto para determinar segurança em longo prazo”, diz a carta.

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)