Jaques Wagner critica 'falsa dicotomia' entre desenvolvimento e preservação

Da Redação | 24/02/2021, 11h00

O novo presidente da Comissão de Meio Ambiente (CMA), senador Jaques Wagner (PT-BA), criticou nesta quarta-feira (24) pessoas “de pensamento raso” que insistem na “falsa dicotomia” entre o progresso econômico e a proteção da natureza. Para ele, o verdadeiro desenvolvimento deve respeitar “um tripé de sustentabilidade”.

— Não existe desenvolvimento integral se você não combinar as três pernas de sustentabilidade: econômico, ambiental e social. Não vejo por que se estabelecer no Brasil, como vem acontecendo infelizmente nos últimos dois anos, a tentativa, que é própria daqueles que não querem aprofundar os temas, de estabelecer uma dicotomia entre preservação e desenvolvimento com inclusão social. Não existe essa dicotomia. Essa dicotomia é feita por aqueles quer querem simplesmente criar uma fake news e dizer que só é possível gerar emprego e crescer fazendo desmatamento e queimada. São falsas dicotomias criadas por um pensamento raso que não quer encarar a realidade — afirmou.

Wagner foi eleito por aclamação para comandar os trabalhos da CMA no biênio 2021-2023. O senador Confúcio Moura (MDB-RO) foi escolhido para a vice-presidência do colegiado. No discurso de posse, o parlamentar baiano destacou o exemplo da Holanda. Com uma área equivalente a apenas 0,48% do território brasileiro, o país ocupa a segunda posição entre os maiores exportadores de produtos agrícolas — atrás apenas dos Estados Unidos.

— Queira que nós olhássemos com muita simplicidade e humildade para a experiência recente da Holanda. Um território infinitamente menor do que o nosso, seguramente com muito menos recursos naturais do que o Brasil e se transforma no segundo país exportador de alimentos. Em 2019 e 2020, nós batemos o recorde na admissão de novos agrotóxicos. Enquanto a gente bate recordes negativos, a Holanda bate recordes de produtividade — disse Jaques Wagner (PT-BA).

O senador Otto Alencar (PSD-BA) destacou a importância da CMA “no momento em que vive o país”. Para ele, o Senado tem a obrigação de debater o tema do meio ambiente para entregar um país mais preservado às próximas gerações.

— São várias discussões sobre desmatamento acelerado da floresta amazônica, destruição do meio ambiente, alterações do clima. É o momento em que todos nós que estamos aqui hoje no Senado temos a obrigação e o compromisso de fazer esse debate. Não preocupados com esse momento ou com essa década. Mas com as futuras gerações. Teremos água doce daqui a vinte ou trinta anos com a destruição acelerada das matas ciliares, das nascentes e dos rios tributários, das margens as calhas dos rios principais? — questionou Otto.

Próximas reuniões

Wagner divulgou o calendário de reuniões do colegiado para as próximas duas semanas. Os parlamentares devem apresentar até as 18h desta quinta-feira (25) sugestões de emendas que serão enviadas pela CMA ao Orçamento Geral da União de 2021 (PLN 28/2020).

Na sexta-feira (26), a CMA volta a se reunir às 11h para votar quais emendas serão encaminhadas à Comissão Mista de Orçamento (CMO). O senador Fabiano Contarato (Rede-ES) foi indicado como relator das emendas orçamentárias no âmbito da CMA.

Os senadores também têm até sexta-feira às 18h para indicar quais políticas públicas do Ministério do Meio Ambiente devem ser acompanhadas pela CMA ao longo dos próximos dois anos. Wagner deve convocar uma reunião na semana seguinte para deliberar sobre as políticas que serão monitoradas.

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)