Operação da PF que tem governador do Rio como alvo repercute entre senadores

Rodrigo Baptista | 26/05/2020, 14h20

A Operação Placebo da Polícia Federal, que apura desvios de verbas que deveriam ser usadas no combate à pandemia do coronavírus e teve como um dos alvos o governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel (PSC), repercutiu nesta terça-feira (26) entre os senadores.

Um dos mandados foi cumprido no Palácio Laranjeiras, residência oficial do governo fluminense, e outro na casa do governador no Grajaú, bairro da Zona Norte do Rio de Janeiro. Witzel e sua mulher, Helena, foram alvos de mandados de busca e apreensão autorizados pelo ministro Benedito Gonçalves, do Superior Tribunal de Justiça (STJ).

Ao defender o impeachment de Witzel, o senador Arolde Oliveira (PSD-RJ) lembrou o histórico recente de prisões de governadores e ex-governadores do Rio de Janeiro. Arolde citou que o Rio de Janeiro terá o “quinto governador preso por corrupção”, mas cinco ocupantes do cargo já foram presos em algum momento nos últimos quatro anos: Moreira Franco, Sérgio Cabral, Luiz Fernando Pezão, Rosinha Garotinho e Anthony Garotinho. Todos respondem em liberdade, exceto Cabral.

Vamos ter o quinto governador preso por corrupção, duas décadas de devastação. A Alerj tem que aprovar o impedimento do governador ou passará recibo de que também pertence à quadrilha. Pobre Rio de Janeiro, vamos negar votos a essa corja na eleição que vem aí”, defendeu Arolde.

Paulo Rocha (PT-PA) defendeu que a Polícia Federal investigue todas as denúncias, mas disse considerar “estranho” que a operação tenha ocorrido logo após a troca da chefia da PF. O novo diretor-geral da Polícia Federal, Rolando Alexandre de Souza, que tomou posse em maio, trocou o comando da superintendência da corporação no Rio de Janeiro.

“Que a PF investigue todos. Mas é muito estranho, logo após a troca do diretor, ser mudado o chefe da PF no Rio, arquivarem uma investigação contra Flávio Bolsonaro, um inimigo político do presidente, Witzel, ser alvo de operação e uma deputada federal saber disso antecipadamente.”

Paulo Rocha se referiu à deputada Carla Zambelli (PSL-SP), da base governista, que antecipou na segunda-feira (25), em entrevista à Rádio Gaúcha, que a Polícia Federal estava prestes a deflagrar operações contra desvios na área da saúde. Mesmo estranhamento foi manifestado por outros senadores como Rogério Carvalho (PT-SE) e Eliziane Gama (Cidadania-MA).

“Qualquer ato de corrupção deve ser punido com rigor. Mas deputada governista vazando Informações sobre ações da PF contra governadores é bem estranho. Espero que a PF, a PGR e o Judiciário ajam com transparência e punam quem infringir a lei, seja de governo ou oposição”, escreveu Eliziane em sua conta em uma rede social.

Para o líder do PT no Senado, Rogério Carvalho (SE), o fato de Carla Zambelli saber com antecedência da operação indica que há interferência na PF.

A interlocutora do governo Bolsonaro não se contém em entrevista à Rádio Gaúcha e anuncia uma operação da PF que acontece no dia seguinte. Como ela soube antes? Fica clara a interferência e, mais ainda, a perseguição aos que se opõem ao governo”, apontou o senador.

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)