CI recebe relatório que aponta má conservação das rodovias brasileiras

carlos-penna-brescianini | 23/10/2019, 18h01

A Comissão de Infraestrutura (CI) promoveu nesta quarta-feira (23) o lançamento o relatório da Pesquisa 2019 de Rodovias realizado pela Confederação Nacional dos Transportes (CNT). O levantamento traz um raio-x do estado das estradas brasileiras incluindo, por exemplo, o custo dos acidentes automobilísticos na economia nacional.

Segundo Bruno Batista Martins, diretor-executivo da CNT, o Brasil possui mais de 1,7 milhão de quilômetros de rodovias, 213 mil deles pavimentados, 1,3 milhão não-pavimentados e 157 mil planejados. O exame de campo do pavimento, da sinalização e da geometria das vias aponta que as rodovias brasileiras estão sobrecarregadas e necessitadas de manutenção.

Modelo "rodoviarista"

Como o Brasil tem diminuído o uso de sua malha ferroviária desde 1996, quando ocorreram as concessões das ferrovias antes geridas pela antiga Rede Ferroviária Federal, o transporte de cargas por caminhões em estradas se consolidou como principal forma de escoamento da produção. Dos 30 mil quilômetros de ferrovias, apenas 12 mil estão operacionais e transportam apenas seis grandes mercadorias: ferro, carvão, milho, soja, açúcar/álcool e combustíveis.

Já as rodovias respondem por mais de 63% do transporte de cargas no país, por onde passa uma frota de mais 1,7 milhão de caminhões e um total de 102 milhões de veículos (incluindo carros, ônibus e motocicletas). A sobrecarga no sistema rodoviário se reflete no alto número de acidentes.

Em 2018, 69,2 mil acidentes foram registrados. Mais de 81,7 mil pessoas (motoristas, passageiros e pedestres) foram vitimadas, das quais 5,27 mil morreram e 76,5 mil ficaram feridas.

Essa tragédia tem altos custos, que envolvem desde a remoção dos acidentados, à recuperação da estrutura danificada e o pagamento de pensões às famílias das vítimas. Estima-se os prejuízos decorrentes dos acidentes rodoviários em R$ 9,7 bilhões, R$ 3,7 bilhões dos quais se referem aos acidentes com mortes; R$ 5,6 bilhões aos acidentes com vítimas; e R$ 440 milhões aos acidentes sem vítimas.

O senador Wellington Fagundes (PL-MT) frisou que esses valores são muito superiores que o investimento necessário para a correção e a manutenção das rodovias brasileiras.

— Se houvesse o investimento previsto, esse gasto com as mortes não ocorreria. Aliás, o custo das mortes é uma ilação, já que em vários casos não é possível determinar o valor de uma vida que se perde.

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)