‘O Brasil não está em condições de comemorar Dia do Professor’, diz Berger

Da Redação | 15/10/2019, 17h15

Uma profissão quase sempre marcada por salários baixos e infraestrutura precária. Com esse diagnóstico, o presidente da Comissão de Educação (CE), senador Dario Berger (MDB-SC), avalia que o Brasil "não tem muitas reais razões" para comemorar o Dia do Professor, celebrado nesta terça-feira (15).

— Recentemente a OCDE [Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico] apontou, analisando 48 países desenvolvidos ou em desenvolvimento, que os professores brasileiros eram os mais mal pagos entre todos estes países. Mas mais grave do que isso, 17,5 mil escolas brasileiras não têm sequer um banheiro em suas instalações. Quase 7,5 mil escolas não têm energia elétrica, e quase 100 mil funcionam sem bibliotecas — lamentou.

Ele também considera "estarrecedor" que, segundo o levantamento da OCDE, o Brasil seja o país onde há mais casos de agressões contra professores, ocorridas dentro do ambiente escolar: 13% dos professores relatam já terem sido agredidos enquanto davam aulas, somando casos de agressões físicas, verbais ou discriminatórias. O senador ainda citou pesquisa recente da ONG Nova Escola apontando que 66% dos professores brasileiros já foram, em algum momento de suas carreiras, afastados das escolas por problemas de saúde. Entre os problemas mais comuns, estão depressão, insônia, stress crônico e dores nos membros.

Mais verbas

Dario Berger lembrou que o piso salarial dos professores é de R$ 2.455,35. Valor que não é cumprido em cinco estados: Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Minas Gerais, Pará e Acre, que têm pago vencimentos mais baixos. Ao final, o senador enfatizou o papel estratégico que a educação pública deve ter no Brasil, caso o país queira de fato se desenvolver.

— O Brasil tem 2,4 milhões de professores, 77% deles na rede pública. Ou seja, mais de 1,8 milhão dos docentes atuam no setor público. Por isso, as emendas da CE à Lei de Diretrizes Orçamentárias foram direcionadas para a infraestrutura das escolas e para a educação básica. Também vamos priorizar o novo Fundeb [Fundo de Desenvolvimento da Educação Básica], focando para que ao menos 60% dos fundos estaduais sejam direcionados ao pagamento dos salários dos professores — disse o senador.

Chocolate e atiradores

Na reunião desta terça-feira, a CE aprovou um projeto que confere à cidade de Jaraguá do Sul (SC) o título de Capital Nacional dos Atiradores (PL 4.674/2019). O relator, senador Dario Berger, destacou o fato de o município realizar a maior Schützenfest (Festa do Tiro) fora da Alemanha.

— A Schützenfest é um evento muito tradicional da cultura germânica, levada a Jaraguá pelos migrantes que lá se estabeleceram desde muitas décadas. Só no ano passado a Schützenfest durou dez dias e reuniu mais de 91 mil participantes. Não tenho dúvidas em afirmar que é a maior Festa dos Atiradores celebrada fora da Alemanha — afirmou.

A comissão também aprovou o projeto que confere a Gramado (RS) o título de Capital Nacional do Chocolate Artesanal (PL 4.675/2019). Para o relator da proposta, senador Lasier Martins (Podemos-RS), é consenso nacional que a cidade gaúcha produz "os chocolates mais saborosos deste país".

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)