Em sessão especial, Senado destaca atuação da Fazenda da Esperança

Aline Guedes | 12/08/2019, 13h09

A comunidade terapêutica Fazenda da Esperança, que atua na recuperação de dependentes químicos em diversas partes do mundo, foi homenageada em sessão especial do Senado nesta segunda-feira (12). A solenidade, requerida pelo senador licenciado Eduardo Gomes (MDB-TO), contou com a presença de cerca de 140 pessoas, entre dirigentes e voluntários da instituição.

São 130 unidades da Fazenda da Esperança espalhadas pelo mundo, das quais 86 estão no Brasil. Presidente da sessão especial, o senador Siqueira Campos (DEM-TO) elogiou a organização, destacando o trabalho “responsável” da equipe no amparo, acompanhamento e encaminhamento dos jovens usuários de drogas para a reabilitação.

— Ninguém pode deixar de ter esperança, e lá a gente aprende isso. Essa é uma grande causa do povo brasileiro — declarou.

Para o fundador da comunidade, frei Hans Stapel, a Fazenda da Esperança não é apenas uma obra social, mas um instrumento para mudar vidas. Segundo ele, a intenção mais forte do trabalho é levar as pessoas a praticar o evangelho e estimular a espiritualidade e a fraternidade.

— Estou convicto de que hoje estamos vivendo as dificuldades da violência e da desigualdade como resultado do nosso afastamento do evangelho. Por isso, nosso trabalho não para, e todos os nossos vocacionados estão disponíveis ao amor 24 horas por dia — comentou.

Depoimentos

O presidente-geral da Fazenda da Esperança, padre José Luiz de Menezes, é membro da organização há 30 anos. Ele disse que chegou receoso à unidade da comunidade terapêutica em Sergipe, em 1989, mas lembrou que o acolhimento aos jovens o ajudou a quebrar seus preconceitos a respeito dos dependentes químicos.

— Eu quero gastar minha vida ajudando outros a encontrarem sentido para as suas. E muitos são tocados, de maneira direta ou indireta, por esta obra de Deus que faz tanto bem.

Colaboradora da Fazenda da Esperança em Tocantins, Fátima Roriz destacou seu envolvimento com a obra, que já dura cerca de 20 anos. Ela relatou um sequestro que sofreu em 1995 por três jovens drogados do qual saiu ilesa “por causa da fé”, conforme declarou. Para Fátima, o fato de ter sobrevivido àquela situação foi um “milagre” que a motivou a ajudar outras pessoas, por meio da comunidade terapêutica.

— Descobri o carisma da esperança. Foi ali que percebi que precisava dar mais — ponderou.

Governo

O secretário especial de Desenvolvimento Social do governo federal, Quirino Cordeiro Junior, disse que o Brasil tem vivido um momento especial na questão da da política de drogas. Ele ressaltou que a Fazenda da Esperança é uma aliada do poder público e destacou a importância do alinhamento das políticas governamentais para o sucesso da oferta de tratamentos.

Cordeiro citou o reconhecimento das comunidades terapêuticas na recuperação de dependentes químicos por meio da Resolução 1 do Conselho Nacional de Políticas sobre Drogas (Conad), que muda as diretrizes do tratamento dessas pessoas. Ao garantir que o governo está atento ao tema, o secretário mencionou como exemplo a publicação do Decreto Presidencial 9.761/2019, em 11 de abril, que aprovou a Política Nacional sobre Drogas.

— São normativas importantes que se alinham nos aspectos da abordagem às pessoas com dependência química no país. Medidas que fazem frente a esse grave cenário, inclusive de aumento da mortalidade das pessoas em situação de rua e taxas de suicídio — observou.

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)