Brasil trabalha por acordo de livre comércio com o México, informa diplomata

Sergio Vieira | 13/07/2017, 13h58

As negociações entre Brasil e México visando ao aprofundamento do acordo de complementação econômica (ACE-53) entre os dois países continuam em ritmo acelerado. O tema foi destaque na sabatina do diplomata Maurício Lyrio na Comissão de Relações Exteriores (CRE) nesta quinta-feira (13). A indicação (MSF 34/2017) de Lyrio para chefiar a embaixada brasileira na Cidade do México foi aprovada por unanimidade e segue para análise do Plenário do Senado.

As negociações serão retomadas na capital mexicana em agosto, dando sequência a reuniões realizadas em Brasília em junho. Lyrio informou aos senadores a posição oficial brasileira, de efetivar um acordo de livre comércio com o México. Ele observou, porém, que algo desta abrangência sofre resistências, especialmente do setor agrícola daquele país.

- Trabalhamos com ousadia nesse ponto. Queremos um acordo o mais amplo possível com o México. Nosso objetivo é efetivar a tarifa zero para a maioria dos produtos - disse.

Com a ampliação do ACE-53, o Brasil quer ter no setor agrícola o mesmo acesso ao mercado mexicano que já possuem os Estados Unidos, Canadá e União Europeia, como explicou o diplomata. Mas a demanda brasileira não se restringe à agricultura, e as negociações, adiantou Maurício Lyrio, também avançam nos setores de calçados e têxteis. A expectativa é de que a nova versão do acordo esteja concluída até o final do ano.

Nafta

O diplomata afirmou que o Brasil trabalha para estabelecer conexões econômicas consolidadas e duradouras com o México, que independam das oscilações nas relações políticas e comerciais daquele país com os EUA. A explicação foi dada em razão de questionamentos de diversos senadores quanto às renegociações em torno do Acordo de Livre Comércio da América do Norte (Nafta), uma promessa de campanha do presidente Donald Trump.

As negociações relativas ao Nafta também serão retomadas em agosto, mas o Brasil não pode dar como certo que resultarão em acesso menor dos mexicanos ao mercado dos EUA, abrindo espaço portanto para os produtos brasileiros, segundo o diplomata.

- Isso porque o México é muito dependente da agricultura dos Estados Unidos; 70% do que eles consomem vêm de lá. Mas por enquanto não podemos prever se esses países chegarão ao ponto de uma disputa comercial, com imposição ampla de tarifas - disse Lyrio.

O diplomata acrescentou que diversos setores industriais e exportadores dos EUA, que têm grande relevância econômica, já estão pressionando o governo norte-americano para que não altere o atual modelo do Nafta.

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)