Gleisi Hoffmann lamenta 'criminalização da política'

Da Redação e Da Rádio Senado | 17/04/2017, 17h20

A senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR) disse nesta segunda-feira (17) que a lista de políticos delatados pela construtora Odebrecht, liberada pelo ministro do STF Edson Fachin na semana passada, tem sido usada para generalizações. Ela manifestou temor de que a "criminalização da política" resulte em risco à democracia.

Gleisi Hoffmann afirmou que nada pediu à Odebrecht e que provará sua inocência, mas admitiu que enfrentará um processo demorado e que somente a menção a seu nome na lista já equivale a uma condenação sob os olhos da opinião pública.

— Não estou preocupada com a eleição individual deste ou daquele, nem com a minha, mas estou preocupada com o sistema democrático brasileiro, que nós não podemos jogar na lata do lixo. Não podemos jogar a criança com a água suja da bacia junto. Não podemos fazer isso. Nós lutamos muito para chegar a um processo democrático, e agora nós temos que ajudar a resolver essa situação.

A senadora afirmou que a divulgação das delações faz uma “grande mistura” na qual é difícil alguém dizer que é inocente, e perguntou se todos os candidatos sabiam da natureza irregular dos recursos financeiros que recebiam. Gleisi Hoffmann teme que só os políticos sejam vítimas de “caça às bruxas”, gerando uma situação favorável a candidaturas presidenciais que põem em risco o regime democrático.

Gleisi Hoffmann lamentou que não tenha sido feita uma reforma no sistema político-eleitoral.

— Eu acho que cabe, por parte de nós políticos, especialmente por parte de nós do Partido dos Trabalhadores, que ficamos no governo durante 13 anos, uma autocrítica muito séria: nós não mexemos com esse sistema, nós não fizemos a reforma política. Nem o presidente Lula nem a presidenta Dilma quiseram enviar para o Congresso Nacional uma proposta. Achou que isso era função desta Casa fazer a reforma política e mexer no sistema.

A senadora também atacou o que chamou de domínio do capital sobre a política, sublinhando que somente a pressão da Operação Lava Jato levou à proibição do financiamento empresarial de campanhas. Gleisi Hoffmann declarou ainda que sempre votou com sua consciência, mesmo contra os interesses dos financiadores de suas campanhas.

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)