Renan destaca importância da Lava Jato, mas critica 'exibicionismo'

Da Redação | 20/09/2016, 15h27

Ao chegar ao Senado nesta terça-feira (20), o presidente Renan Calheiros fez elogios à operação Lava Jato, mas disse que ela precisa acabar com "exibicionismo", como o ocorrido na apresentação das denúncias contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na semana passada.

— A Lava Jato é muito importante e nada vai detê-la, mas precisa acabar com esse exibicionismo e esse processo de exposição das pessoas sem culpa formada. A nossa Constituição não convive bem com isso. É preciso fazer denúncias e investigar, mas com começo meio e fim. Que sejam denúncias consistentes e não mobilização política, porque o país perde com isso e as instituições também — afirmou.

Segundo Renan, a Lava Jato é um "avanço civilizatório", mas tem a responsabilidade de separar o joio do trigo. Caso isso não aconteça, o Ministério Público perde prestígio, e o Congresso fica obrigado a pensar numa legislação que proteja as garantias individuais e coletivas:

— Qualquer projeto que garanta mecanismo para investigar a corrupção e proteja as garantias individuais e coletivas deve ser levado a cabo. O que não pode é, a pretexto de se investigar, alguém promova exibicionismo. A sociedade apoia a Lava Jato. Não há hipótese de nenhuma influência e quem disser o contrário está mentindo. Mas a Lava Jato tem sim a responsabilidade de separar o joio do trigo. Não pode nivelar todos sob uma acusação genérica — opinou.

Reforma política

Renan Calheiros negou que soubesse da articulação realizada no Plenário da Câmara na noite de segunda-feira (19) para votação do PL 1210/2007. A proposta modifica a legislação eleitoral, abrindo caminho para uma possível anistia para o crime de caixa 2.

Ele aproveitou para defender uma reforma política que comece pela cláusula de barreira, passe pela proibição da coligação proporcional e defina regras transparentes para o financiamento de campanha.

— Qual é o grande problema no Brasil? Temos mais de 30 partidos no Congresso e nessa eleição mais de 530 mil candidatos disputando. Imagine financiar esse número todo de candidatos com recursos públicos num momento que o país precisa de dinheiro para saúde, educação, segurança.... Isso não seria bom — afirmou.

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)