Ministro da Saúde quer poder público e sociedade juntos contra mosquito da Zica

Da Redação | 25/02/2016, 16h38

O ministro da Saúde, Marcelo Castro, apontou no Senado, nesta quinta-feira (25), durante sessão temática para avaliar as dimensões da epidemia do vírus Zika, a necessidade de amplo esforço coletivo para o enfrentamento do quadro epidemiológico. Em relação ao combate ao mosquito Aedes aegypti, o mosquito que atua como agente de transmissão também dos vírus que causam a dengue e a chicungunha, ele observou que a tarefa não cabe apenas ao poder público federal, estadual e municipal.

- Todos temos que estar unidos, e a participação da sociedade é imprescindível, porque dois terços dos criadouros do mosquito estão dentro das residências.  Os exemplos que temos espalhados pelo Brasil, de Norte a Sul, em todos os municípios que conseguiram controlar o Aedes aegypty, houve a conjugação de esforços da sociedade com o poder público.

Nas primeiras palavras, o ministro destacou o símbolo e o slogan da campanha lançada pelo governo - intitulada "Zika zero: um mosquito não é mais forte do que um país inteiro" – para estimular a mobilização da sociedade no combate ao mosquito. Descreveu ainda as ações e recursos para facilitar o diagnóstico de casos e tratamento das pessoas afetadas, como mulheres grávidas e recém-nascidos que apresentam microcefalia, associada ao vírus Zika, além dos investimentos e parcerias para o desenvolvimento de vacinas contra a dengue e a Zika.

- A microcefalia já existiu, o que é inédito é o aumento de casos suspeitos da doença por causa da circulação do vírus Zika. Essa é uma situação nova em termos de saúde pública mundial e para a comunidade científica internacional – destacou.

Óbitos

O ministro informou que o vírus Zika já circula de modo autóctone em 42 países. No Brasil, chegou no ano passado, provavelmente por Salvador. Também disse que já está claramente evidenciada a correlação entre o vírus e nascimento de crianças com microcefalia. Até o momento, segundo ele, foram notificados 5.640 casos em todo o país, dos quais 583 já confirmados e 950 descartados. Houve 120 óbitos, alguns em investigação, conforme o ministro.

Desde o início, disse ainda o ministro, o governo federal está tratando desse tema “com a responsabilidade e a urgência necessária”. Em resposta aos fatos, disse que sua pasta uniu esforços de especialistas de diferentes áreas para realizar investigações no país, mantendo diálogo constante com a organização Mundial de Saúde e, nos Estados Unidos, com o Centro de Controle e Prevenção de Doenças.

Para o desenvolvimento de testes mais rápidos de detecção do vírus e meios de tratamento, o Ministério da Saúde já teria disponibilizado mais de R$ 8,5 milhões para o Instituto Butantã, em São Paulo. Com relação a vacinas, destacou o trabalho que está sendo desenvolvido também nesse instituto, em parceria com o NIH americano, para o desenvolvimento de vacina contra a dengue.

De acordo com o ministro, a expectativa dos cientistas é de que seja uma “vacina revolucionária”, que deve ficar pronta em dois anos para ajudar a prevenir a dengue no país e no mundo. Os investimentos chegam a R$ 300 milhões – sendo um terço proveniente de recursos do ministério, outro terço da Finep e o terço restante do BNDES. Segundo ele, a expectativa é de que a mesma plataforma de pesquisa sirva para o desenvolvimento de vacina contra o vírus da Zika, cujas pesquisas serão realizadas simultaneamente no Butantã e no Instituto Evandro Chagas, no Pará, também em parceria com o NIH.

Questionado por senadores de oposição, o ministro concordou que investimentos em saneamento básico são essenciais para evitar a proliferação do Aedes aegypti. Fez questão, contudo, de mostrar que a presidente Dilma Rousseff, em cinco anos de governo, investiu nessa área mais do que seus antecessores. Segundo ele, foram R$ 53 bilhões, contra R$ 44,1 bilhões nos oito anos do presidente Lula e R$ 20,63 bilhões por FHC, em igual período.

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)